46 anos após a conquista da liberdade e da normalidade democrática em que passou a desenvolver-se a nossa vida pessoal e comunitária, eis que um vírus ainda misterioso nos priva da liberdade de circulação e de reunião, e assim nos remete, de algum modo, para a clausura de que abril nos libertou.
Acredito firmemente que a atual anormalidade não é mais que um curto interregno e que muito em breve voltaremos a encontrar-nos e a vivermos, sem restrições, a alegria da reunião, que celebraremos em família e em comunidade.
Quero, por isso, neste tão diferente 25 de abril, lembrar a todos os poveiros que, como esta inesperada anormalidade veio demonstrar, a liberdade não é um valor eternamente conquistado e de que podemos usufruir ilimitada e incondicionalmente – bem pelo contrário, exige de cada um de nós e das nossas sociedades, a vivência quotidiana dos princípios sociais, económicos e culturais que a sustentam.
Quero igualmente lembrar, com profunda gratidão, que ao 25 de abril devemos, além da liberdade, boa parte do Desenvolvimento a que tivemos acesso, designadamente àquele que até nós chegou através daquela que é incontestadamente reconhecida como uma das maiores conquistas da nossa democracia: o Poder Local, que colocou nas mãos de todos nós a possibilidade de decidirmos o destino da nossa comunidade.
É sobretudo por este sentimento – o de vivermos livres na comunidade cujo rumo e cujo ritmo de desenvolvimento decidimos – que desde há anos, neste dia, saímos à rua, percorrendo, em festa cívica e desportiva, os principais recantos da nossa Terra. Se neste ano, por ponderosas razões de saúde pública, estamos privados deste momento de afirmação de fé no futuro, no próximo fá-lo-emos com redobrado entusiasmo!
Viva o 25 de abril!
Aires Pereira
Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim
