Vítor Costa promoveu, na quinta-feira, uma conferência de imprensa para acusar o anterior executivo de ter deixado nas contas da autarquia um “buraco” de 13 milhões de euros. O presidente da Câmara de Vila do Conde afirmou aos jornalistas que a sua antecessora Elisa Ferraz fez “empolamento orçamental para esconder a realidade, orçando receitas de fundos comunitários que não chegaram a ser concretizados”.
O autarca referiu que em 2021, foram orçamentados fundos comunitários de 10 milhões de euros, mas só se contratualizaram três milhões. E acrescentou que as receitas previstas não têm sustentabilidade.
E recordou que “os compromissos financeiros assumidos, já contratualizados, que têm de ser inscritos no orçamento de 2022, são cerca de 20 milhões, mas o saldo de receitas de tesouraria é de apenas 7 milhões. Há por isso, uma diferença de 13 milhões, mas temos de assumir o ‘buraco’ recorrendo a um empréstimo de cinco milhões de euros junto da banca, para garantir o pagamento de salários, do funcionamento das escolas, das instituições do concelho e dos compromissos com os fornecedores”.
A Câmara Municipal contratou uma auditoria independente para apurar eventuais responsabilidades criminais do antigo executivo: “se o empolamento existir, é uma responsabilidade financeira de quem o fez. Havendo uma auditoria, qualquer questão do foro financeiro ou de outro tipo seguirá para as entidades competentes”. E o Edil acrescentou que “o relatório da auditoria não ficará na gaveta e será divulgado a todos os Vilacondenses”.
Em resposta às acusações, Elisa Ferraz mostrou-se indignada e garantiu à comunicação social que “não deixou uma fatura por pagar”. E não duvida que o actual presidente da Câmara está a criar um clima de suspeição que repudia; “É uma estratégia de mal dizer, sem fundamento, para camuflar um novo empréstimo de cinco milhões que pretende fazer. É um comportamento antidemocrático, envolto em falsidades”.
A ex-presidente da Câmara diz ter deixado nos cofres do município, em outubro, cerca de 10 milhões de euros em caixa. “Esse será o saldo que vai transitar para 2022, e que provavelmente é o maior nos últimos 20 anos”, afirma e esclarece: “Se os compromissos são de 20 milhões, não se trata de nenhum buraco, pois ao longo de 2022 há receitas que a Câmara vai receber, assim como verbas dos fundos comunitários. Quanto à auditoria externa estou muito tranquila em relação ao desfecho da mesma”.
Elisa Ferraz garantiu ainda que, nos seus dois mandatos, reduziu a dívida de 57 para 25 milhões, pelo que acusa Vítor Costa de ‘mentir’ aos Vilacondenses.
