O Presidente da Câmara de Vila do Conde, Vítor Costa, convocou os órgãos de comunicação social para uma conversa informal, no Centro de Memória, para dar a conhecer alguns projectos em carteira e outros que têm já o seu percurso assinalado, mas vão sendo limadas arestas ou assinados protocolos para a sua concretização.
Primeiro os jornalistas foram convidados a visitar a exposição “Linha do Tempo” que assinala os 120 anos de nascimento do pintor e poeta Júlio Saúl Dias. São mais de 100 obras de um universo de mais de 6 mil desenhos do artista vilacondense.
Vítor Costa iniciou a conversa com os jornalistas, pelo património edificado, alertando para a urgente necessidade de recuperar “a Igreja de Santa Clara, monumento nacional e de responsabilidade da administração central, encontra-se em franco estado de degradação e de abandono. Para nós, Câmara Municipal, é absolutamente inadmissível que tal continue”. Curiosamente, o lugar onde nasceu Vila do Conde.
Muitas das peças foram recolhidas para o Centro de Memória, onde estão “em fase de recuperação”, no entanto, avisa o Edil que pelo avançado estado de degradação “há provavelmente peças que já se perderam. Mas, não é só na Igreja de Santa Clara, acho que é um flagelo nacional, especialmente na arte sacra. Por sorte, pelo zelo de quem guarda pela Igreja, as peças mais importantes estão salvas”.
No final, os jornalistas foram convidados a fazer uma visita à igreja e puderam constatar, que os mais de 700 anos de história precisam ser preservados. São visíveis vitrais partidos, buracos no telhado, infiltrações, risco de ruína, mobiliário e imagens degradadas e um extraordinário órgão de tubos a precisar recuperar os sons do silêncio.
Dois dias depois, na data da celebração do Dia de Vila do Conde, o Presidente da Câmara e a directora Laura Castro, representante da Direcção Regional da Cultura do Norte, assinaram um protocolo de cooperação para a reabilitação da Igreja do Convento de Santa Clara. Esteve também presente a secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro.
O protocolo de cooperação irá permitir a recuperação da igreja de Santa Clara em duas fases, revela Vítor Costa: “Na primeira, a Câmara irá assumir o projecto de recuperação, mas também um processo de musealização do espaço, nomeadamente aquele que está situado no coro alto. Na segunda fase, será recuperado o espaço”.
Ainda não é possível quantificar a verba necessária, mas a empreitada será financiada através de uma candidatura conjunta aos fundos comunitários. Pode até ser faseada, “o importante é que se intervenha rapidamente, sob pena deste património ficar ainda mais degradado e desaparecer”.
O autarca acredita que “dentro de dois, três meses, o projecto deverá estar pronto e apto à candidatura a ser apresentada ao Portugal 2030 e aos fundos comunitários”. De momento não é possível, mas com a recuperação “muitas manifestações religiosas vão voltar a acontecer na Igreja de Santa Clara”.
Com a conversão do Mosteiro em unidade hoteleira, Vítor Costa acredita que os turistas visitarão a Igreja “Essa ligação pode ser feita pelos claustros, mas será sempre em conjunto com a parte do Mosteiro que está a ser recuperada, porque é assim que faz sentido. Dois espaços como eram no passado, intimamente ligados”.
Habitação Social tem já 600 famílias Vilacondenses Sinalizadas
Foi o número avançado pelo Presidente da Câmara Vilacondense “são Mais de 600”, as famílias que precisam de habitação imediata. Na Estratégia Local de Habitação Social do anterior executivo o número identificado era mais reduzido.
“Nesta revisão, porque é apanágio desta Câmara, trouxemos para o grupo de trabalho as instituições, as IPSS, as juntas de freguesia, todos os autarcas, o que nos permitiu ter uma radiografia muito mais próxima da realidade do que aquela que tinha sido feita”, disse Vítor Costa.
O autarca adiantou que o seu executivo estava “em fase final da revisão à Estratégia Local de Habitação. Vamos levá-la à Reunião e Câmara e depois posteriormente à Assembleia Municipal em tempo curtíssimo”. Vítor Costa assume o assunto como prioritário porque “identificamos um panorama social em Vila do Conde muito mais grave do que tinha sido identificado inicialmente. Não deixamos de parte aquilo que já estava protocolado, nomeadamente com a Santa Casa da Misericórdia e com o Instituto de Habitação e de Reabilitação Urbana”.
As primeiras 42 habitações do total de 122, a construir em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde, segundo o Edil, deverão avançar em Maio. E garantiu também que serão reabilitados 857 fogos de responsabilidade municipal: “No imediato, vamos intervir na Junqueira, em Macieira da Maia, em Malta e em Vilar, que são aquelas que neste momento precisam de uma maior intervenção. Temos fundos do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) para fazer essa intervenção”. E acredita que “o próximo inverno destas famílias será passado certamente de uma forma diferente, mais acolhedora e mais condigna”.
Vítor Costa lembrou que a Câmara Municipal lançou recentemente um programa de apoio ao arrendamento “numa primeira fase são 150 mil euros que ficarão à disposição dos vilacondenses mediante um regulamento que se encontra em discussão pública. Prevejo que este valor venha a ser substancialmente aumentado, dados os tempos difíceis que vivemos”.
