A Galeria Julio sediada no Centro de Memória, em Vila do Conde, inaugurou no dia 15 de Novembro, a exposição “Julio e o Modernismo em Portugal”, uma mostra inédita que reúne cerca de 150 obras dos principais artistas modernistas portugueses. A inauguração ficou assinalada por um concerto de Mário Laginha que entre explicações das suas composições ao piano reconheceu que a sua inspiração nunca bebeu de um só quadro, mas há na sua música pinceladas de várias obras.
As obras expostas são em parte oriundas do espólio de dez instituições nacionais e de colecções particulares. Há inéditos para ver, obras raramente expostas ao público, um óleo pintado por Julio que pertenceu ao realizador Manoel de Oliveira, documentos históricos ligados ao movimento modernista e correspondência trocada entre Julio e o seu irmão, José Régio.
Semeados pelas paredes da galeria se encontram: Amadeo de Souza-Cardoso, António Carneiro, Almada Negreiros, António Dacosta, Aurélia de Sousa, Armando Bastos, Maria Helena Vieira da Silva, Sarah Afonso, Mário Eloy, Eduardo Viana, Dominguez Alvarez, Fernando Lanhas, Julio, Santa-Rita Pintor, Nadir Afonso, Cruzeiro Seixas, Mário Eloy, Mário Cesariny e Ofélia Marques, entre outros.
Paulo Vasques, Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Vila do Conde agradeceu “o contributo fundamental dado a esta exposição com o empréstimo das obras, em nome do município reitero este agradecimento”.
Quanto à exposição, referiu que se insere “num programa mais alargado de comemoração dos 10 anos da galeria Julio e do Centro de Estudos Saúl Dias, que teve início há duas semanas aqui no Centro de Memória com a estreia de um espectáculo com a Companhia Mandrágora, de marionetas, espectáculo inspirado na imagética e na poética de Julio. Depois, fez o seu trilho pelas escolas do concelho procurando cumprir a missão da Galeria, do Centro de Estudos, que é efectivamente aproximarmos o Julio dos públicos, neste caso do público escolar”.
O Vereador da Cultura reiterou o compromisso do município “de continuar a desenvolver aquilo que é a missão desta Galeria e do Centro de Estudos, que é promover e divulgar a obra de Julio pintor e Saúl Dias poeta. Deixo este compromisso aqui renovado e sei bem que terá capítulos muito felizes”. Paulo Vasques revelou em primeira voz ao público presente que “em 2026 temos uma exposição de Julio no Museu Nacional Soares dos Reis, é um passo muito importante. Agradeço publicamente ao senhor director António Ponte a possibilidade e o interesse de connosco concretizar aquela que é a razão desta galeria e do Centro de Estudos”.
Bernardo Pinto de Almeida director artístico da Galeria Julio e curador da exposição inaugurada sublinhou o mote central da mostra: "Ela parte da ideia que sentimos de que Julio é um dos poucos grandes heróis do modernismo português, tanto quanto o próprio modernismo tem uma dimensão heroica. Fazer modernismo numa sociedade profundamente retrograda – como foi a sociedade portuguesa do século XX, dominada por uma ditadura que parecia que nunca mais acabava, por ideias da cultura profundamente reacionárias e por todo um aparato de regime que foi incapaz de criar uma estrutura para as artes – era um acto heroico e assim o foi Julio”.
A exposição “Julio e o Modernismo em Portugal” pode ser visitada até 25 de Janeiro de 2026, na Galeria Julio, no Centro de Memória, em Vila do Conde.
Por: José Peixoto
