Os artistas sempre expuseram através da arte o diálogo das suas inquietações. Nesse sentido, tomando como mote a celebração dos 50 anos da revolução dos cravos, no dia 27 de Abril, a Galeria Julio inaugurou uma nova exposição do ciclo "Diálogos" onde o artista contemporâneo António Olaio, criador de uma obra notável a partir da década de 80, em democracia, se encontra em diálogo com obras de Julio (Saúl Dias), produzidas em pleno obscurantismo do Estado Novo. Este subtil diálogo, de certa forma, consegue traduzir as diferenças de contexto político, social, económico e artístico que o país atravessou no século XX.
De uma assentada todos os olhares se reúnem num século de arte portuguesa, que se estende, simultaneamente, por toda a transformação que viveu, mas também as linhas de continuidade que são ainda possíveis de estabelecer entre os diversos discursos artísticos nas suas respectivas contextualizações históricas. Sabendo que a criatividade, a sua evolução ou reflexão sobrevive sempre aos movimentos, às datas.
Falta dizer que na apresentação da exposição, ficámos a saber que “o artista de pintura e de performance, de corpo inteiro nas práticas contemporâneas de arte, António Olaio, como antes João Jacinto e Albuquerque Mendes, encontram na obra de Julio - um reconhecido opositor ao regime - os elementos para um diálogo profícuo que actualiza, nos critérios do nosso tempo, uma obra central do modernismo português”.
O evento expositivo que pode visitar até 6 de Outubro, contou com uma performance de António Olaio.
