Completam-se este ano entre os dias 19 e 29 de Setembro, 20 edições do festival de artes performativas Circular, que se realiza em Vila do Conde, com um programa mais extenso, retrospectivo e multidisciplinar. As propostas apresentam-se em espectáculos, performances, workshops, conversas, concertos e exposições. A Rua é também um palco a experimentar e a repetir. O objectivo passa por chegar a vários públicos onde se incluem os curiosos.
Na apresentação, o Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Vila do Conde, Paulo Vasques, que foi um dos fundadores do Festival, destacou o trabalho desenvolvido nas duas décadas do Circular “um projecto de todos conhecido que ganhou protagonismo a nível nacional, naquilo que são as artes performativas de carácter experimental, mas também nesta vida longa e excepcional naquilo que é o panorama de festivais do género em Portugal. Evidencia o trabalho de qualidade que vai sendo feito no qual eu estive envolvido, agora não, mas sinto-me sempre aqui numa posição de cúmplice, embora nestes últimos anos até tenha estado afastado”.
E sublinha que o Festival Circular “acima de tudo, sabemos que traz à nossa agenda cultural de Vila do Conde, assim como outros projectos que desenvolvem trabalho noutras áreas específicas, um conjunto de propostas que desafiam o público àquilo que é o pensamento e as questões dos nossos dias”.
A directora do festival, Dina Magalhães, avançou que “teremos propostas em espaço público, espalhadas pela cidade, em espaços inusitados com propostas inusitadas. Teremos workshops participativos, espectáculos de dança, música, performance, exposições, teatro, conversas temáticas, uma mostra retrospectiva de fotografia das 20 edições do Festival desde o ano 2005 a 2023, são imagens marcantes de espectáculos que por aqui passaram”. E acrescenta, “são múltiplas as vozes que compõem este programa multidisciplinar com artistas locais, nacionais e internacionais, onde vai haver espaço para o encontro, a partilha e a reflexão”.
A responsável pela programação sublinha que a viagem do Circular “nestes 20 anos motiva-nos sobretudo um olhar para o futuro, um olhar prospectivo mais do que retrospectivo, e pretendemos continuar a traçar caminhos, aprendizagens, descoberta, acompanhando sempre a vibrante produção artística contemporânea e encontrar nela inquietações, formas de questionar a realidade e alargar perspectivas sobre o mundo. Pensarmos sobre o local, sobre o nacional e pensarmos também sobre a situação actual, cruzando perspectivas com as quais nos revemos”.
Para pensar a contemporaneidade a partir de Vila do Conde, o Circular apresenta um cartaz diversificado onde a realidade local é também tema para o palco logo no primeiro dia, a 19 de Setembro, nos Estaleiros Navais de Azurara, com um percurso performativo “Holofáutico”, por Daniel Moreira e Rita Castro Neves.
Dois dias depois no Teatro Municipal, onde a maioria dos espectáculos se realizam, haverá dança interpretada pela artista dinamarquesa Mete Ingvartsen, um desafio que pretende motivar a participação do público. No mesmo dia, a arte da dança, performance e teatro da artista portuguesa Sónia Batista, no espetáculo “Sweat Sweat Sweat” abre-se ao mundo da inclusão com tradução para língua gestual portuguesa.
Destaque para o dia 26 de Setembro com a performance de Ana Rocha e Gio Lourenço “Toda a gente vai”, no Mercado Municipal.
Um dia depois, o artista luso-brasileiro, Joclécio Azevedo, que mantém uma residência artística no Circular, apresenta “Apesar das Evidências’, espectáculo de performance e dança, uma nova versão de uma peça homónima criada em 2003.
Em estreia nacional, Soa Ratsifandrihana, artista natural de Madagáscar, apresenta, a 28 de Setembro, o espectáculo de dança “Groove”, que explora ritmos e expressões diversas.
Num programa que pode ser consultado com alguma facilidade nas redes sociais, convém não faltar ao espectáculo de encerramento a 29 de Setembro, “Time Poetries”, um musical de Carlos Guedes, pelo Drumming GP, que acontece no Largo Dr. Cunha Reis, junto ao Convento do Carmo, que aborda os ritmos da percussão e electrónica. Uma viagem que mistura provavelmente a mais antiga forma instrumental de música, a percussão, com a mais moderna das sonoridades, a electrónica.
O festival de artes performativas Circular é apoiado financeiramente pela Direção-Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Vila do Conde.
Por: José Peixoto