A instituição da “Feira dos Vinte” remonta a 1704, ano em que D. Pedro II, na sequência de uma solicitação das gentes de Vila do Conde, emite um alvará régio instituindo a Feira Franca de Santo Amaro, a realizar ao dia 20 de cada mês.
Às feiras acorriam lavradores, rapazes e raparigas das freguesias vizinhas, com os seus trajes de festa, bem como comerciantes de lugares mais distantes, onde, para além das trocas comerciais, se trocavam também olhares e palavras galanteadoras.
Com o passar dos anos, as feiras foram perdendo algum esplendor. No entanto, o seu carácter socializante havia de permanecer, já que era um local privilegiado para travar conhecimentos, onde as conversas decorriam muitas vezes em rimas e as raparigas contabilizavam os rapazes com quem tinham namoriscado, o que acabaria por criar a designação de “Feira dos Namorados”.
As colheres de pau eram o “meio de transporte” das mensagens apaixonadas que os rapazes ofereciam às raparigas com quem mais simpatizavam e que num passado não muito distante serviram de pretexto para começar namoros e amores.
Passaram os tempos de pedir namoro em verso, mas os alunos das escolas do concelho de Vila do Conde, todos os anos, recriam a tradição de decorar e transformar modestas colheres de pau em pequenas obras de arte com missivas amorosas.
Assim, a tradição da “Feira dos Vinte” ou “Feira Grande de Janeiro” regressa à Praça de São João, na próxima sexta-feira, 17 de Janeiro. A iniciativa conta com a participação dos alunos, da população sénior e do comércio local.
De referir ainda que, até quinta-feira, os milhares de colheres de pau, decoradas pelos alunos das escolas e pelos utentes de Instituições de Solidariedade Social de Vila do Conde, podem ser apreciadas no Centro de Memória.