Voz da Póvoa
 
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Transportes Públicos ou a Importância da Mobilidade

Transportes Públicos ou a Importância da Mobilidade

Política | 8 Novembro 2023

 

O Posto de Turismo foi pequeno para a sessão pública promovida pela Concelhia da Póvoa de Varzim do Partido Socialista, subordinada ao tema da mobilidade, tendo como mote principal a Nova Rede de Transportes UNIR que entrará em funcionamento, a 2 de Dezembro, na Área Metropolitana do Porto, composta por 17 municípios, entre os quais a Póvoa de Varzim e Vila do Conde.

Coube ao presidente da Concelhia, João Trocado, apresentar os convidados e oradores: Eduardo Vítor Rodrigues, Presidente da Área Metropolitana do Porto, da Câmara Municipal de Gaia e da Federação Distrital do Porto do PS; Adriano Sousa, professor na UTAD e Vereador da Câmara Municipal de Vila Real com o Pelouro da Mobilidade, personalidade que já havia protagonizado uma das conferências do ciclo "Bolina", promovidas pela Concelhia Socialista em 2007; Silva Garcia, arquitecto, membro da Assembleia Municipal pelo PS e ex-vereador da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. A conversa foi moderada por Magda Fernandes, professora de geografia e membro da Assembleia Municipal.

 “As cidades mudam e o tráfego rodoviário aumenta. As pessoas cada vez mais se queixam da mobilidade e tardam as soluções para tirar os carros da cidade”, disse Adriano Sousa, que não defende “a gratuitidade total do transporte público. Defendo que devemos melhorar o serviço, o material circundante, o conforto e fieldade. Em Vila Real, quando abrimos o concurso público, defendemos que o material circundante teria que ser novo. A adesão aos transportes foi maior que o esperado”.

Eduardo Vítor Rodrigues, lembrou que “a reboque da Troika tudo servia para privatizar, mas é nossa convicção que o mercado só resolve aquilo de onde retira benefícios. Ou seja, o transporte só existe onde há pessoas. O transporte público tem uma função social, mas não tem tudo que ser do Estado”. 
 
Quando a rede da Área Metropolitana do Porto foi criada, “percebemos que era deficitária. Há lugares com pouca gente com os mesmos direitos a transporte. No início, foram os municípios a pagar, agora terá que ser o Estado”. A Área Metropolitana do Porto tem cerca de 1,6 milhões de habitantes.

Transporte público é descarbonizar, “o transporte não é só mobilidade, mas também ambiente. A UNIR não é uma empresa de transportes mas uma organização. Queremos assumir que somos capazes de fazer melhor que o Estado, e os fundos comunitários é outra vantagem que temos”. Para o Presidente da Área Metropolitana do Porto, “qualquer política de mobilidade urbana tem que assentar na cidade que todos desejamos”. E recomenda: “Os pólos geradores de tráfego deveriam ter os seus próprios planos de descarbonização”. Nas empresas, “o subsídio de transporte deveria ser obrigatório, tal com é o subsídio de alimentação”, e conclui: “Quando o mercado regula sofrem sempre os que não conseguem pagar”.

Para Silva Garcia “o projecto Bolina se tivesse sido colocado em prática, todos teríamos a ganhar. Em 2007 o Presidente da Câmara da Póvoa de Varzim achou que o projecto dos transportes não tinha que ser municipalizado. Actualmente, o presidente da Câmara beneficia do que acontece na Área Metropolitana do Porto”, em termos de transporte. Também é certo que “a visão ideológica é sempre colocada em questão” e a razão ou uma boa ideia pode naufragar. “Eu se olhar para as fragilidades do outro, posso ajudá-lo ou prejudica-o”. E recorda: “O Plano de Mobilidade Sustentável era o Bolina, apresentado pelo PS e chumbado pelo PSD. Este ano, o Presidente da Câmara apresentou pela primeira vez o Plano de Mobilidade Sustentável”.

O membro da Assembleia Municipal pelo PS diz ser necessário “reduzir o número de automóveis no centro da cidade, não só por questões ambientais, mas também para facilitar a rede de transportes públicos, mas o Executivo vai gastar 10 milhões de euros no Póvoa Arena, que fica no centro da cidade e que pode receber 3000 espectadores. Se quero os automóveis fora do centro da cidade, não posso construir este tipo de infraestruturas. Há também a necessidade absoluta de criar parques de estacionamento periféricos, servidos de transporte público”.

Em relação à descarbonização, “gozaram-nos quando propusemos o ‘ligeirinho’ no lugar da ecopista Póvoa-Famalicão, que serviria todas as freguesias até Balasar. Mas há uma intenção do Governo em reactivar esta linha férrea. Mais tarde ou mais cedo, isso vai acontecer”. Na Assembleia Municipal, “levanta-se os braços sem saber porquê, ao mesmo tempo que se olha para o telemóvel. Se apresentamos uma proposta é chumbada e pedem-nos para apresentar, antes, uma Recomendação cujo destino é a gaveta, como todos sabemos”.

Em jeito de conclusão, Silva Garcia apoia a rede de transportes que vai servir o concelho: “Para nos UNIRmos vamos todos ter que fazer um esforço muito grande. Precisamos trazer os poveiros para a rede de transportes criada pela Área Metropolitana do Porto. Vamos apresentar uma proposta para incluir no orçamento Municipal, transporte gratuito em 2024. Haja vontade política”.

Outros assuntos foram debatidos e ainda houve tempo para responder a algumas questões levantadas pelo público presente.

Por: José Peixoto

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