O Executivo Municipal aprovou em reunião de Câmara, no dia 25 de Agosto, um apoio para a construção da cobertura da bancada sul do Estádio do Varzim. “Finalmente, pudemos tomar uma decisão sobre o pedido que o Varzim SC fez, a 18 de Agosto, à Câmara Municipal para a cobertura da bancada Sul, e apresentou três orçamentos para esse efeito. Naturalmente, a Câmara vai financiar no montante de 139 mil euros acrescido de IVA, o menor dos orçamentos. Espero que antes de chegar o inverno o Varzim dê início a este processo de construção para que os sócios possam assistir ao jogo sem estarem expostos à chuva”, referiu Aires Pereira no final da reunião, acrescentando que “é a Câmara que paga a obra toda. O Varzim tratará dos procedimentos e entrega a obra quem entender”.
Ainda segundo o Presidente, neste tipo de financiamentos, “a Câmara paga sempre mediante factura. Ou seja, à medida que a obra for andando a Câmara faz a transferência de prova da entrega da factura porque se trata de um apoio dirigido para um determinado fim”.
Embora o voto dos socialistas tenha sido favorável, João Trocado, não poupou nas críticas: “A cobertura da bancada Sul é uma promessa do Presidente da Câmara feita no dia de Natal do ano passado (dia do aniversário do Varzim), que era para executar no primeiro trimestre deste ano. Estamos mais perto das eleições”.
Para o Vereador, o apoio aprovado da “cobertura metálica da bancada Sul de cerca de 140 mil euros será provavelmente o único, além do contrato programa habitual, que o Presidente fez ao longo dos seus mandatos ao clube. E recorde-se que está a dar este apoio com uma mão, mas com a outra mão retirou a capacidade construtiva aos terrenos do Varzim aquando da primeira suspensão e depois a alteração ao Plano de Pormenor da zona. Ao retirar a capacidade construtiva retirou muito património potencial ao Varzim. Lembrar que na altura em que o Varzim teve um promitente comprador para os terrenos, negócio que foi feito, que avançou e depois correu caminhos judiciais favoráveis ao Varzim. O clube recebeu um sinal para um negócio que estava avaliado em 18 milhões de euros. Isto no tempo da gestão camarária anterior. Aos dias de hoje, este valor seria pelo menos o dobro”.
E refere que, “uma vez que o Varzim vai vender o terreno à Câmara Municipal, ou seja, uma parte do património que podia ser mobilizada para fins imobiliários e tentar ter uma mais-valia que permitisse dar mais estofo ao clube, ao desfazer-se do antigo campo de treinos, fica apenas com o estádio, estádio que não tem capacidade construtiva. No fundo, estamos perante um clube que apesar de ter esse património não tem forma de o mobilizar”.
João Trocado lembra que “a Câmara ao longo destes últimos seis anos, construiu vários estádios nas freguesias para outros clubes do concelho - em Aguçadoura fez obras no estádio que custaram 800 mil euros, construiu um campo de futebol para o São Pedro de Rates que custou 1,8 milhões de euros, um campo para o Balasar que custou 2,4 milhões de euros e para o Averomar de 3,6 milhões de euros - isto para dizer que são infraestruturas municipais que estão em contrato de comodato exclusivo com cada um destes clubes. O Varzim é o parente pobre a quem se dá uma migalha de cerca de 140 mil euros para fazer uma cobertura para uma bancada e não para resolver os problemas sérios infraestruturais do Varzim que são mais que conhecidos”. E conclui: “Este é o contexto que entendo que é importante fazer, uma vez que estamos em período eleitoral, e é em período eleitoral que o Presidente resolve dar esta prenda – foi ele próprio que usou esta expressão – não sou eu que vim falar deste assunto”.
Sobre a acusação de dar com uma mão e tirar com a outra, Aires Pereira lembrou que “a possibilidade que a Câmara tirou resulta de uma decisão dos sócios do Varzim SC quando decidiram não sair dali. Isso resultou de uma alteração ao E54 que foi aprovado pela Câmara e pela Assembleia Municipal”. E acrescenta: “Pelo facto de estarmos em eleições autárquicas espero que as pessoas não tenham perdido a memória das decisões que foram tomadas ao longo do tempo, quer na Câmara, quer na Assembleia Municipal com o apoio do próprio partido socialista”.
Nota: Notícia completa na edição em papel de 10 de Setembro 2025