Em comunicado o Bloco de Esquerda da Póvoa de Varzim assume a urgência de “promover na Póvoa de Varzim a Cultura de forma holística e descentralizada, servindo-se o município de todas as infraestruturas ao dispor para oferecer às poveiras e poveiros (e a todas as pessoas que ao município se desloquem) um conjunto abrangente de actividades e eventos: tal começaria pela existência de planos infraestruturas como o Póvoa Arena”.
Segundo o BE, ‘dois’ meses após a inauguração, “a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim continua sem divulgar uma agenda – ou um plano – para o edifício multiusos que custou mais de 14 milhões de euros. Na verdade, entre a sua abertura e o final de julho, o Póvoa Arena serviu o seu propósito apenas duas vezes: para um concerto de António Zambujo e para a actuação da Orquestra del Lyceum de la Habana no encerramento do Festival Internacional de Música”.
E acrescenta que na inauguração, “o executivo anunciou – com as ocas pompa e circunstância a que nos têm habituado – que o Póvoa Arena iria ser palco de grandes concertos, eventos culturais e desportivos de dimensão nacional e internacional. Sem surpresa, tal permanece por cumprir, e o Bloco de Esquerda manifesta a sua preocupação e indignação pela ausência de uma agenda de eventos pensada para as poveiras e poveiros e que de algum modo pudesse começar a justificar os 14 milhões de euros investidos neste espaço. Inaugurar primeiro e pensar depois: é este o lema do PSD, chegando a esta situação inaceitável de um investimento apresentado à população sem uma estratégia previamente definida para a sua utilização, e cuja falta de planeamento e de visão estratégica nunca fará deste equipamento a ‘referência nacional’ com impacto positivo na economia local e na projecção do município que havia sido prometida”.
A realidade dos factos mostrou “um mês de Agosto sem actividade – num mês em que se espera maior afluência de turistas – foi com consternação que o BE teve conhecimento que a terceira utilização do Póvoa Arena seria acolher uma exposição, entre 13 de Setembro e 15 de Novembro. Sublinhe-se que o BE não coloca em causa o valor cultural e intelectual da exposição ou dos artistas convidados para a integrarem, mas não podemos deixar de questionar a pertinência da escolha do espaço para a realizar, sobretudo quando existe já capacidade de resposta à realização deste evento noutros equipamentos municipais. A Póvoa de Varzim dispõe já de locais adequados para acolher mostras artísticas como o Museu Municipal, a Biblioteca, o Diana Bar ou o Posto de Turismo, e uma ocupação de vários deste locais por esta exposição poderia mesmo permitir criar um circuito cultural interessante que dinamizasse diferentes espaços da cidade, reforçando a sua identidade cultural e estimulando o movimento de visitantes em várias zonas da Póvoa de Varzim. Em vez disso, temos uma tentativa de preencher calendário para que nos últimos 5 meses do ano a Arena não fique só a ‘ganhar pó’ – lembrando que do término da exposição em diante, não há outras utilizações previstas para aquele espaço”.
Para o Bloco de Esquerda, a população poveira merece que “os seus impostos sejam investidos com visão estratégica e sobretudo com acção afirmativa que tenha os seus melhores interesses em vista, e não em projectos que careçam de conteúdo e planeamento para o futuro. O Bloco teme que, à semelhança de espaços como o Cine-Teatro Garrett e o Auditório Municipal, o Póvoa Arena se transforme apenas noutro equipamento a ser subaproveitado, sem retorno cultural ou económico para a cidade”. E a finalizar sublinha que, “a solução óbvia para esta problemática reside na criação de um Programa Cultural Municipal – possibilitado pela instituição da figura do/a Programador(a) Cultural – com a articulação das infraestruturas municipais – nomeadamente em todas as freguesias – para a oferta de eventos para todos os gostos e todas as idades”.
Fotos: Arquivo