A data de elevação da Póvoa de Varzim a Cidade, 16 de Junho de 1973, tem vindo a ser celebrada nos últimos 28 anos como o Dia da Cidadania, momento habitual para a Cerimónia de Homenagens, com a atribuição, desta vez, da Medalha de Reconhecimento Poveiro Grau Prata a Aurelino Costa e Álvaro Tavares Moreira.
A sessão comemorativa encheu o Cine-Teatro Garrett com os vereadores do executivo camarário, deputados municipais, representantes de entidades civis e militares, de associações e instituições locais, convidados dos homenageados e público em geral, que puderam assistir às distinções aprovadas por unanimidade em reunião de Câmara. A Álvaro Tavares Moreira “pela forma superior como, ao longo de 12 anos, presidiu à Assembleia Municipal, bem como pela sua participação na gestão do Varzim” e a Aurelino Costa “pela relevância nacional em áreas tão diversas da vida cultural, como são as de autor, dizedor, actor, narrador, e em todas elas reconhecido como embaixador cultural da Póvoa de Varzim”.
Depois de interpretado o hino da Póvoa de Varzim, pelos Capela Marta, seguiu-se uma resumida viagem pelo homem, pelo poeta e pelo artista Aurelino Costa, narrada por Carlos Costa, amigo, companheiro de Direito na Universidade de Coimbra e de muitos palcos pelo país e estrangeiro.
Recebida a Medalha de Reconhecimento Poveiro Grau Prata, das mãos do Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, o homenageado recordou a “emoção e espanto” com que recebeu a notícia. Aurelino Costa agarrou-se às raízes de Argivai, também fonte de inspiração poética para elevar o Ser e o saber. E como ao poeta não se lhe pede outra coisa, despediu-se com a “Ladainha das Lanchas” de António Nobre, que nunca o deixou ‘Só’, desta vez acompanhado pelo Coro Capela Marta, pelo violino de Ana Pereira, pelo violoncelo de Filipe Costa, pelo trompete de Emanuel Machado e pelo piano de Diogo Zão.
Seguiu-se a apresentação de Álvaro Tavares Moreira pelo filho André, que enalteceu as qualidades profissionais e cívicas do seu pai, “um homem bom” e por isso “tenho muita honra em ser seu filho”. Por sua vez, o homenageado manifestou ter sido surpreendido com a distinção e só a entende pelo tempo que serviu a Póvoa como Presidente da Assembleia Municipal (durante 12 anos) e pelo seu comportamento a nível social e desportivo, onde na companhia de Lídio Marques integrou uma comissão administrativa, fez regressar o Varzim à 1ª divisão, reduzindo a dívida do clube em 80%. Por fim, elogiou Aires Pereira pela “visão estratégica” na gestão do município.
Terminadas as homenagens, Afonso Pinhão Ferreira, Presidente da Assembleia Municipal, reconheceu que os homenageados “são pessoas a imitar” e destacou no seu discurso o dever de cidadania: “Ninguém duvidará que numa comunidade, todos os direitos deverão andar de braço dado com os deveres, uma vez que um direito de um cidadão implica necessariamente uma obrigação com outro cidadão. Colocar o bem comum em primeiro lugar e actuar sempre que possível para o promover, é dever de todo o cidadão reflectido e responsável. A cidadania deve ser entendida portanto, como um processo contínuo, uma construção colectiva e objectiva à realização gradativa dos direitos humanos e de uma sociedade mais justa e como tal mais solidária”.
No encerramento da sessão, Aires Pereira, apontou o futuro “porque é essa a missão a que a liderança da cidade nos obriga. E façamo-lo com a exigência que os novos tempos, crescentemente, reclamam”. Na aceleração da modernidade tudo aquilo que ambicionávamos dominar “emerge com mais vigor e com intervalos mais curtos, mas com um efeito devastador mais intenso, particularmente lesivo nos setores mais frágeis, sejam eles pessoas, regiões, países ou instituições”.
O Presidente da Câmara quer ver “cidades pensadas para os cidadãos, e particularmente para os mais frágeis. Cidades preparadas para as alterações climáticas – o que implica regenerar o espaço urbano, reabilitar as habitações, ampliar as áreas verdes, colocar ao serviço dos cidadãos transportes que não gerem emissões, dentro de uma aposta na neutralidade carbónica a curto/médio prazo. As cidades têm de responder à emergência climática, uma vez que são as grandes consumidoras de energia, as grandes produtoras de resíduos e as grandes emissoras de gás com efeito de estufa”.
Segundo o Edil “a população está hoje, muito mais sensível e muito mais exigente acerca das condições habitacionais, ao seu contexto residencial, mais atenta à qualidade dos transportes e do espaço público”. Isto significa que é a qualidade de vida que atrai população: “A prova de que a nossa cidade está no bom caminho – sendo competitiva, porque é sustentável – tivemo-la no último recenseamento geral da população, que confirma a Póvoa de Varzim como umas das raras cidades da área metropolitana cuja população residente cresceu na última década”.
Para Aires Pereira a competição entre cidades “travar-se-á também, a partir de agora, no campo das novas competências administrativas. Não podemos falhar, não vamos falhar. E não vamos falhar, não só porque da nossa parte, enquanto gestores municipais, estamos firmemente determinados a demonstrar que, quanto mais descentralizado, melhor é o serviço prestado aos cidadãos, como igualmente porque sabemos que os nossos concidadãos, vigilantes, nos exigirão o suplemento de qualidades e de prontidão que sabem ser apanágio da administração local”.
Por: José Peixoto