Voz da Póvoa
 
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Luís Amaro, o Professor que Amava a Música

Luís Amaro, o Professor que Amava a Música

Pessoas | 29 Agosto 2024

 

Nunca foi dado a despedidas, talvez não tenha partido, apenas se distanciado um pouco de nós. Amava tanto a música quanto o piano que tocava e o tocou uma vida. De sorriso fácil, será difícil esquecê-lo.

Creio que dentro deste poema podemos sempre encontrá-lo e conversar um pouco.

 

PEDRA FILOSOFAL” de António Gedeão

 

Eles não sabem que o sonho

é uma constante da vida

tão concreta e definida

como outra coisa qualquer,

como esta pedra cinzenta

em que me sento e descanso,

como este ribeiro manso,

em serenos sobressaltos

como estes pinheiros altos

que em verde e ouro se agitam

como estas aves que gritam

em bebedeiras de azul.

 

Eles não sabem que o sonho

é vinho, é espuma, é fermento,

bichinho álacre e sedento,

de focinho pontiagudo,

que fossa através de tudo

num perpétuo movimento.

 

Eles não sabem que o sonho

é tela, é cor, é pincel,

base, fuste, capitel.

arco em ogiva, vitral,

pináculo de catedral,

contraponto, sinfonia,

máscara grega, magia,

que é retorta de alquimista,

mapa do mundo distante,

rosa dos ventos, Infante,

caravela quinhentista,

que é Cabo da Boa Esperança,

ouro, canela, marfim,

florete de espadachim,

bastidor, passo de dança.,

Colombina e Arlequim,

passarola voadora,

pára-raios, locomotiva,

barco de proa festiva,

alto-forno, geradora,

cisão do átomo, radar,

ultra som televisão

desembarque em foguetão

na superfície lunar.

 

Eles não sabem, nem sonham,

que o sonho comanda a vida.

Que sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança

como bola colorida

entre a mãos de uma criança.

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