A escola como lugar de aprendizagem, de libertação do Eu, de descoberta dos caminhos do futuro. A escola como primeiro lugar do mundo onde nos conhecemos, nos apaixonamos, onde somos nós e os outros, onde a partilha se humaniza em cada saber. A escola onde aprendi a ouvir por ter guardado em mim a velha casa onde “quando o avô falava toda a gente se calava”, ainda hoje, a ordem dos saberes é quase sempre essa.
Carlos Manuel Gomes de Sá nasceu em Forjães, Esposende, em 1972. O Actual Director do Agrupamento de Escolas de Aver-o-Mar é licenciado em Humanidades: “Não sei se era o que queria, foi o que apareceu na altura. A minha vocação passa muito pelo jornalismo. O primeiro artigo que escrevi foi no 9º ano na área da saúde, um texto sobre Tabaco. Fui director de um jornal escolar e, na minha terra, também dirigi cerca de 14 anos, em períodos diferentes, o jornal O Forjanense, o mais antigo com publicação ininterrupta no concelho de Esposende (40 anos). Continuo a colaborar com o jornal. O jornalismo é uma área que me apaixona e onde tive a oportunidade de fazer algumas experiências na escrita. Em Janeiro de 2007, publiquei um livro de entrevistas que publiquei no jornal, chama-se “O que é feito de si”. São 16 entrevistas a pessoas da terra com a média de idade de 82 anos, em que relatam um pouco as suas vivências”.
A história sentida tem sempre mais valor, “é gratificante. Recordo-me de ouvir contar a história do primeiro telefone em Forjães, a chegada da luz eléctrica, as primeiras televisões, como surgiu o serviço de correio, são estórias da história. Há um segundo livro que está pronto a editar, prefaciado pelo professor Laborinho Lúcio, que esteve no Correntes d’Escritas. Ele participou no ano passado em Forjães ‘Na minha Terra cabe o mundo todo’, uma actividade em que convidamos uma pessoa ligada à música, ao desporto, à literatura nacional ou internacional”.
O tempo explica-se com a sua passagem. Quando entrou para dirigir o Agrupamento de Escolas de Aver-o-Mar surpreendeu-se com o que encontrou? “Aver-o-Mar não me dizia nada, quando chego - ai onde foste parar! – era essa a imagem. Venho para Aver-o-Mar a 24 de Agosto de 2006, retenho isto porque na nacional 13 apanhei a festa de São Bartolomeu com um trânsito infernal. Vim cá parar num concurso normal. Não foi a minha primeira opção, mas passados 18 anos estou de saída, a terminar as minhas funções nesta escola”.
Como dirigir e criar projectos numa escola ou num Agrupamento que tem 1260 alunos, sendo que 760 são desta escola? “Numa escola, intervir em termos de edifício, abrir uma porta, uma janela, fazer uma pintura, isso é mais fácil fazer, mas gerir pessoas é muito complicado e numa escola é, sobretudo, gerir pessoas. Eu e a minha equipa defendemos uma escola relacional, em que as pessoas são mais importantes. Mais importantes que os equipamentos, que as paredes, que as condições de trabalho que temos. Se dermos atenção às pessoas, as coisas funcionam, em particular a forma como elas se relacionam, é isso que faz a diferença numa escola. Se conseguir motivar as pessoas a acreditar naquilo que podemos fazer, os projectos funcionam. De facto temos um conjunto de projectos muito válidos e interessantes, e há uma máxima que diz dinheiro gera dinheiro, eu digo que projecto gera projecto. Quanto mais trabalhamos em projectos, mais fácil é envolvermo-nos, mais fácil é aderirmos. O tempo é importante, há sempre quem não o tenha, mas há aqueles professores que agarram nestes projectos sem querer saber o tempo. E se o professor estiver motivado consegue motivar o miúdo, vai conseguir arrastar os pais e até outros professores. É um bocadinho o que se passa aqui, motivar e dar visibilidade ao que fazemos”.
E acrescenta: “Gosto de partilhar o que faço e desafio as pessoas a partilharem o que fazem. Vamos lá fazer um textozinho e colocar no site. Compete-nos a nós, técnicos, professores, pedagogos, funcionários, passar lá para fora um bocadinho a imagem do que fazemos. Nesse sentido gerir uma escola é gerir pessoas, mas também partilhar com essas pessoas aquilo que aqui fazemos”.
O Projecto de Escola que Temos e a Escola que Queremos
A escola tem vindo a desenvolver um conjunto alargado de projectos, quer apoiados por processos de candidatura, quer com investimentos próprios, que têm recebido vários prémios e que colocaram o Agrupamento de Escolas de Aver-o-Mar na agenda de Ministros e Secretários de Estado, não só nas visitas, mas com a promessa de replicar muito do que se faz, cria e produz nesta escola. As visitas de alunos e professores de outros estabelecimentos escolares de várias regiões do país, são também uma constante, assim como em resposta a convites, os alunos deste estabelecimento de ensino se deslocam a escolas de outros concelhos para apresentarem e falarem dos projectos que desenvolvem, podendo ser partilhados e até comercializados.
Carlos Gomes de Sá explica que a escola “tenta que estes projectos que decorrem muitos deles em clubes em actividades extracurriculares, possam ser usados nas salas de aula nas placas disciplinares. As disciplinas envolvem-se com estes projectos estruturais, acabando por ser complementares daquilo que acontece na sala de aula. A dinâmica é essa, pegar em projectos que nascem fora das disciplinas, mas rapidamente serem assumidos e integrados nas disciplinas”.
Esta escola tem alunos de 27 nacionalidades. Se por um lado tem que estar preparada para os receber, também é verdade que estes jovens acrescentam à escola uma mais-valia: “Temos essa particularidade e algum trabalho feito. Neste momento há muitas escolas a braços com esta questão da integração dos migrantes. Em 2018, quando a população escolar começou a crescer, o facto de estarmos na periferia da Póvoa fez com que fossemos procurados muito cedo por alunos migrantes que não tinham colocação em escolas da cidade, agora, somos procurados como primeira opção. Isso levou-nos à procura de soluções - como é que trabalhamos estes alunos. Fizemos uma candidatura ao FAMI (Fundo para o Asilo, a Migração e a Integração) que comtemplou, numa primeira fase, um mapeamento concelhio da realidade dos alunos que tínhamos. Este mapeamento envolveu as escolas todas, a Câmara Municipal, a PSP, o Centro de Emprego, as unidades de saúde, e o inquérito que aplicámos na altura deu dados a todas estas entidades. Depois, desenhámos um projecto que contemplou a capacitação de professores, de funcionários, de alunos, mas desde logo as suas famílias. Eu não consigo integrar o aluno se não conseguir integrar a família, seja na área da interculturalidade ou da língua. Os nossos funcionários tiveram que fazer 50 horas de formação de inglês, francês e espanhol, para conseguirem alguma interacção com alunos e pais. Hoje, estamos a precisar de refazer o projecto porque temos professores que já saíram e outros que entraram”.
Com 18,4% de população escolar estrangeira, a imensa maioria são alunos que têm o português como língua materna, “os brasileiros são em maior número, 70%, depois começámos a ter uma população que tem um alfabeto diferente do nosso, o caso do Paquistão que é a segunda nacionalidade ou o Nepal, que exigem um trabalho diferenciado, acrescido. Temos esta particularidade, a médio do agrupamento em termos do pré-escolar até ao 9º é cerca de 18,4%, mas no pré-escolar é de 30,2%. Mas, aqui o investimento é menor porque há uma propensa maior para os alunos nestes níveis iniciais aprenderem línguas. Além de termos uma assistente social a trabalhar neste projecto, estamos a admitir um técnico, no caso um mediador cultural e linguístico para trabalhar com estes alunos, nestes anos iniciais, pré-escolar e primeiro ciclo. Se começarmos cedo a agir, resolvemos muitos dos problemas que depois temos”.
Saber Humanizar os Caminhos da Integração
Como lidar com a chegada de alunos migrantes com o ano lectivo a decorrer? “Todas as semanas recebemos entre 7 a 10 alunos. Temos uma actividade que se chama ‘Integração’. Quando o aluno chega à escola, e temos alturas em que recebemos entre 7 a dez alunos por semana, antes de percebermos para onde é que ele vai, há uma tabela de equivalências entre o sistema de ensino português e o sistema de ensino daquele país, mas mais do que conhecer isso é percebermos onde é que ele está ao nível do ensino, se concluiu o ano ou não. Fazemos uma análise da situação, provas de eficiência linguística para colocar o aluno num patamar e a partir dali, a nota é o que menos importa, é preciso integrá-lo. Depois, trabalhamos as questões da disciplina”.
Ter falantes nativos é também uma mais-valia para o ensino? “Sem dúvida, é uma riqueza que podemos rentabilizar. Numa aula de geografia, quem melhor que um aluno venezuelano para explicar o que é a Venezuela, fala-nos da sua casa, da sua rua, da cultura, da gastronomia. Hoje, temos enciclopédias vivas na sala de aulas que podemos rentabilizar e tem funcionado muito bem”.
O próprio aluno sendo parte activa se torna interessado e interessante para o outro? “hoje, quem detém informação é o aluno. O professor pode conduzir, orientar, mas o aluno tem uma informação que é mais válida que aquela que está nos livros”.
Encontramos religiões, credos e comportamentos diferentes, que a escola tem que respeitar, até ao nível desportivo isto implicou saber o que pode ou não fazer cada aluno? “Há um trabalho que tem que ser feito, desde logo o respeito pelas culturas implica conhecê-las. A cidadania acaba por ser importante nesta área, há um trabalho de apresentação que é feito aos colegas na sala de aula, em que o aluno apresenta na sua turma a sua religião, a sua cultura, a sua gastronomia, a forma como o país está organizado, o sistema de leis, a educação. Pegamos nesse trabalho e estamos a levá-lo ao centro Ocupacional de Aver-o-Mar. Depois do aluno, estamos a levar as famílias, o encarregado de educação. Conseguimos uma interacção com a comunidade muito positiva. Isto ajuda a perceber aquele com quem cruzamos na rua, que tem uma veste diferente, porque é que usa um véu - é uma maneira da comunidade ou da escola poder aproximar e reforçar estes laços”.
Começa a ser bastante discutível a presença do telemóvel na escola em determinadas idades. Qual é a sua opinião? “O problema não está na escola. Aqui no agrupamento, os alunos chegam à escola às 8 horas e dez minutos, depois começam a ter aulas. Até à hora do almoço têm 20 minutos de intervalo. Na sala de aulas salvo raras excepções não podem usar o telemóvel. Depois tem uma hora para almoço ou duas e voltam a ter aulas, não é aquele período em que estão na escola que lhes faz mal. A meu ver, o lado prejudicial é o período antes de vir para a escola e quando chega a casa, onde muitas vezes ficam até às 2,3,4, 5 ou 6 da manhã como reconheceu um dos miúdos que assumiu estar na internet a falar com os colegas a noite toda. Esse acesso desregrado é que é prejudicial. Um miúdo que usa a rede da escola não acede a tudo o que quer porque é controlada. Há conteúdos no Youtube que estão bloqueados, na biblioteca tem sempre gente que chama a atenção se for necessário. Ou seja, não é a utilização na escola que é má para os alunos, mas a utilização fora da escola”.
Como Regular o Uso do Telemóvel sem Abuso
E aponta distracções: “Quem dá os telemóveis aos miúdos são os pais, quem lhes paga os tarifários. Tem que haver uma supervisão, um trabalho com os pais para que eles possam supervisionar em idades mais baixas e possam instalar aplicações que lhes permitam controlar o tempo de ecrã, controlar aquilo a que os filhos acedem, os pais tem que exercer autoridade. Se eu pago a internet do meu filho, não estou a invadir a privacidade, sou eu que até aos 16 anos respondo pelos filhos, então tenho que saber o que se passa. Temos que trabalhar com os pais. Nós somos uma escola que recebeu o selo Academia Digital para os Pais. Fizemos no ano passado cursos para os pais poderem usar a tecnologia. Estamos com inscrições abertas para fazer formações em Abril para que os pais possam recolher mais informação, mais ferramentas para lidar com a tecnologia dos filhos. O problema não está tanto nos filhos”.
Carlos Gomes de Sá defende que o uso do telemóvel na escola tem que ser regrado, “no primeiro ciclo talvez não faça sentido, mas a partir do segundo em situações pontuais possam dar uso quando o professor diz para usar. Pode ser visto como uma ferramenta, uma mais-valia, não é isso que é errado. O que é errado é o uso sem qualquer supervisão, quando está sozinho. Não me preocupa o uso feito na escola, mas o uso fora dela. Temos na escola mesas com jogos de xadrez, de damas, temos lá fora o circuito de educação para a Segurança Rodoviária, em que os miúdos podem usar a bicicleta a seu bel-prazer, construímos e criámos alternativas”.
Para além dos livros, há também uma educação alimentar que é importante fazer-se nas escolas? “Temos das melhores cantinas ao nível escolar. Os professores comem na cantina todos os dias, é uma forma de mostrar, quando fazemos um juízo de valor, é assumido, consciente, sabemos do que estamos a falar. Agora, até chegarmos aqui foi difícil, foi preciso desconstruir muita coisa. Os pais queixavam-se muito. Se eu estiver à mesa e disser que a comida está fraca, o miúdo ao lado vai dizer o mesmo, é por contágio. Convidamos os pais a tirar uma senha e vir comer à cantina. Comem o que nós comemos e veem como o sistema funciona, foi assim que fomos desconstruindo. Hoje, temos um sistema que funciona muito bem. Os miúdos têm regras para ir para a cantina. Servir 485 refeições não é fácil no espaço de hora e meia a duas horas. A prioridade é dada às turmas que só têm uma hora para comer, começamos pelo 5º ano e por ordem alfabética, acabamos com aquilo que era os mais velhos passarem à frente dos mais novos, aqui ninguém fura a fila”.
Qual é o retorno que recebe dos alunos que seguem para o secundário na Póvoa de Varzim? “Melhorámos os índices de aproveitamento. No nosso quadro de mérito temos 182 miúdos. Os nossos alunos vão para o Liceu e continuam no quadro de mérito. Temos professores de química que nos dizem que os nossos alunos chegam muito bem preparados, deram coisas que mais ninguém deu. Para nós é um motivo de orgulho. É uma forma dos professores sentirem que aquela exigência que colocam e que nós colocamos, que vale a pena, que é assim que as coisas funcionam. Temos muito bons profissionais. Temos uma prática de convidar antigos alunos que não tendo seguido estudos estão hoje colocados no mercado de trabalho e são bons profissionais, mecânicos, electricistas, construtores. Falam sobre as suas profissões, mas também dizem que - se tivesse aproveitado a oportunidade de estudar podia estar bem melhor”.
Olhar a Escola como Alavanca Social
Entre o Aluno que foi e a escola que hoje conhece, que ventos sopraram, os da modernidade ou da intolerância? “Hoje, há uma grande diferença que se prende com a postura dos alunos e a forma de como se relacionam com os adultos, que está no respeito que tínhamos para com os professores e funcionários. Um simples olhar do professor era marcante, às vezes intimidava. Sou do tempo dos castigos, das reguadas, passámos do 8, eventualmente, para o 80. Hoje, há alguma falta de respeito, de formação, de valorização da figura adulta, seja do professor, seja do funcionário. Há casos preocupantes porque quando chamamos os pais para os responsabilizar e para lhes dizer o que está a acontecer, constatamos que resulta tudo da sua formação. Isso significa que, em alguns casos, a escola falhou para aquela geração que agora está com os filhos na escola, porque não valorizam o que lhes está a ser dado. Hoje, os miúdos têm transporte gratuito, manuais gratuitos, equipamentos gratuitos, refeições gratuitas e não aproveitam. Causa-me alguma tristeza ver desperdiçar. Mais do que dificuldades em aprender matemática, história, não tolero é faltas de educação. E alguns miúdos são mal-educados, mal formados, não respeitam, não sabem ouvir, não têm capacidade. Falhou a escola, falhou a família, isso preocupa-me quando acontece. Quando nós não conseguimos que a escola seja valorizada, quando não veem a escola como uma oportunidade, isso é preocupante”.
E recorda: “O meu pai tinha a 4ª classe e a minha mãe igual. O meu pai foi cobrador na empresa Linhares e quando se aposentou era fiscal. A minha mãe foi doméstica, criávamos animais, tivemos vacas, fui estudar e quando era preciso pagar as propinas tinham que vender animais. A escola para mim funcionou como uma alavanca social. Hoje, tenho um curso porque os meus pais investiram na escola e quiseram que eu tivesse um futuro melhor. Há pais que não valorizam este esforço, esta capacidade que a escola tem de ser uma alavanca social. Temos que mostrar que estes miúdos têm uma oportunidade única de agarrar e que não podem desperdiçar”.
Carlos Gomes de Sá deverá sair em Maio para assumir novas funções numa escola de Barcelos: “Quando sai o director sai toda a equipa, depois o novo director é quem volta a formar a equipa. Não sei o que acontecerá, o processo de concurso abriu recentemente em diário da República, tudo indica que a minha Subdirectora vai candidatar-se. Tem formação, conhece o projecto, haverá uma linha de inovação com certeza, mas há também uma linha de continuidade da assunção de um projecto que já está cá há 18 anos e que vai ser continuado”.
É importante que nada se perca, mas haverá sempre lugar a alguma transformação? “As escolas têm que se reinventar, desde logo pelo facto de termos concursos de professores. Há recursos capacitados, este projecto de formação que começámos em 2018/19 para professores, tem que ser novamente refeito, muitos professores já cá não estão, e o que acontece com os professores vai acontecer com a direcção, temos que nos reinventar, organizar, mas há uma matriz, algo que consta do projecto educativo”.
E destaca algumas frases na pala de cobertura dos corredores exteriores da escola: “Uma delas diz ‘é um privilégio conviver com as diferenças’ e ‘a heterogeneidade é uma riqueza’ e há uma outra frase ‘o que faz andar o barco não é a vela enfunada, mas é o vento que não se vê’. Muitas vezes aquilo que acontece na escola, nós não vemos, não valorizamos, passa-nos ao lado. Quem vem para uma direcção tem que ter este cuidado, há coisas que por vezes nos passam despercebidas e que têm que merecer atenção”.
E Conclui: “Estando em final de mandato tenho que reconhecer a importância das pessoas que por aqui passaram e comigo colaboraram, a importância das empresas que acreditaram no projecto porque nós sozinhos não fazemos nada. Temos aqui uma rede e uma estrutura de apoio desde a autarquia às juntas de freguesia, e as empresas que acreditam nos projectos da escola. Quanto aos miúdos, já deram mais aos projectos do que aquilo que gastámos, é deixá-los voar, de projecto em projecto vamos levando o barco a bom porto”.
Por: José Peixoto
Fotos: Rui Sousa