No decurso do passado mês de agosto, a comunidade da Silveira, um povoado localizado no concelho das Lajes do Pico, na ilha do Pico, a segunda maior ilha do Arquipélago dos Açores, homenageou o comendador Manuel Eduardo Vieira, um dos mais insignes filhos do torrão arquipelágico, e uma das figuras mais proeminentes da numerosa comunidade portuguesa na Califórnia.
Natural do local da Silveira, que segundo a historiografia está entre os locais que primeiro foram habitados na ilha do Pico, Manuel Eduardo Vieira emigrou no alvorecer dos anos 70 para os Estados Unidos, depois de uma década de vivência migratória no Rio de Janeiro, a segunda maior metrópole do Brasil. Através de uma trajetória de mérito empresarial, alicerçada numa capacidade de trabalho hercúlea, esforço incansável e mérito resiliente, o emigrante picaroto, genuíno “self-made man”, tornou-se a partir do Vale de São Joaquim, um dos centros da emigração portuguesa na Califórnia, maioritariamente de origem açoriana, no maior produtor de batata-doce biológica do mundo.
O sucesso que alcançou ao longo dos últimos anos no mundo dos negócios, tem sido constantemente acompanhado de um generoso apoio a projetos emblemáticos da comunidade luso-americana da Califórnia, a quem devota um forte sentido público de empenho sociocultural e identitário. E na mesma esteira, à terra que o viu nascer, que visita frequentemente, e onde apoia prodigamente várias associações, como seja o caso, do Centro Social da Silveira, cuja construção iniciada em 1996, e inauguração concretizada em 2003, teve no empresário filantropo luso-americano o seu principal impulsionador.
A relevante dimensão empreendedora e filantropa do “Rei da Batata-Doce”, como é conhecido aquém e além-fronteiras, estiveram na base da inauguração pela edilidade lajense, em 2017, na Praceta do Centro Social da Silveira, de uma estátua em sua homenagem, concebida pelo escultor açoriano Rui Goulart, que eterniza igualmente a generosidade que tem repartido por diversas associações da ilha do Pico.
Este foi o mote para a apresentação, no decurso do mês transato, do livro “Monumentos ao Emigrante – Uma Homenagem à História da Emigração Portuguesa”, no Salão do Centro Social da Silveira. Uma iniciativa cultural, que lotou o espaço com três centenas de pessoas, entre antigos e atuais emigrantes, forças vivas e população local, e contou com a presença, do reputado empresário e filantropo da comunidade portuguesa na Califórnia; de José Luís Carneiro, antigo Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, que atualmente assume as funções de Deputado à Assembleia da República e Secretário-Geral do Partido Socialista; de Ana Brum, Presidente da Câmara Municipal das Lajes do Pico; João António das Neves, Cónego da Sé de Angra; Tomás Orlando Cardoso, Presidente do Centro Social da Silveira; Manuel Bettencourt, Conselheiro das Comunidades Portuguesas na Califórnia; e Daniel Bastos, historiador da diáspora.
Uma sessão de apresentação, em que a comunidade veio em peso homenagear o ilustre filho da terra, e concomitantemente, prestar tributo às comunidades açorianas na América do Norte, em particular, às comunidades picoenses, fortemente presentes nos Estados Unidos e Canadá.
Com o nome gravado no coração dos seus conterrâneos, quer na pátria de origem, quer na pátria de acolhimento, o percurso de vida e constante generosidade do comendador Manuel Eduardo Vieira, qual “homem ubíquo”, encontra-se engrandecido com cerca de duas dezenas de distinções internacionais, nacionais, regionais e locais. No torrão arquipelágico, em 500 anos de história da vila das Lajes do Pico, é justa e merecidamente, detentor da 18.ª Chave de Ouro do Município, símbolo maior do preito de homenagem da terra-mãe, porquanto é destinada a distinguir excecionais serviços, contributos para com a comunidade e atos praticados de mérito extraordinário.
Por: Daniel Bastos, historiador
Fotografia da estátua do comendador Manuel Eduardo Vieira na Praceta do Centro Social da Silveira - © Livro “Monumentos ao Emigrante”