Voz da Póvoa
 
...

A Cidade Onde há Sempre Lugar Para a Metamorfose

A Cidade Onde há Sempre Lugar Para a Metamorfose

Pessoas | 21 Junho 2022

 

Crescemos na esfera do sonho, mas nem sempre nos é permitido sonhar. “Nunca me passou pela cabeça. Há meninos que querem ser médicos, advogados, engenheiros ou presidente da Câmara. Ser o que sou hoje, nunca fez parte dos meus sonhos de menino. Antes do 25 de Abril de 1974, naturalmente um filho de pedreiro nunca poderia ser presidente de Câmara. Após a queda da ditadura, é que foram criadas possibilidades para as pessoas que, de outra forma nunca poderiam almejar chegar a determinado cargo ou lugar. Toda a gente sabe qual era a história antes do 25 de Abril. Objectivamente, meia dúzia de famílias escolhiam entre si quem liderava os destinos da Póvoa de Varzim. Portanto, para um menino como eu que estudava, mas pertencia a uma família de pessoas que viviam à custa do seu trabalho, era um cargo que nunca se colocava. Depois as circunstâncias da vida, o facto de ter entrado como funcionário da Câmara em 1988, e as pessoas terem tido a oportunidade de me conhecerem e reconhecerem, abriu em 1989 a possibilidade de tornar-me vereador. A partir daí, é a história que toda a gente conhece até aos dias de hoje”, recordou Aires Henrique do Couto Pereira.

O mundo avança, não tem retorno, porém para não inverter a marcha do progresso, precisa de uma permanente leitura do tempo presente, onde a cada passo se constroem os alicerces do futuro. O menino que aprendeu a escrever na ardósia, nasceu poveiro, conheceu e acompanhou com atenção o caminho da substituição, da ‘oferta’ de tecnologias cada vez mais avançadas: “Essa viagem é o resultado da evolução natural do tempo e quem está na vida pública, com estas responsabilidades, tem que saber adaptar-se em cada momento, em cada circunstância, ao que vai acontecendo. A grande questão é que nenhuma dessas máquinas substitui a forma como nós nos relacionamos, essa é a marca que nos distingue. Independentemente de todas essas tecnologias, não permito que isso substitua o contacto directo com as pessoas. Continuo a fazê-lo da mesma forma, porque nada substitui uma boa conversa como esta que estamos a ter aqui, num ambiente descontraído, mas com o ‘distanciamento’ necessário para quem, como eu, exerce funções públicas”.

Para o Presidente da Câmara “as pessoas que me conhecem bem, sabem com o que podem contar. Tem sido esta relação que tem prolongado no tempo estes 35 anos de vida pública, ainda cheia de sonhos porque o mundo não acaba amanhã. A grande virtude é estarmos atentos à evolução do tempo, à inovação e sabermos constituir esperança para as pessoas. Tenho muita dificuldade em lidar com pessoas que carregam o mundo às costas e que o dia seguinte é sempre pior que o anterior. Temos que gerar esperança, expectativa e isso faz toda a diferença na vida pública. É importante estar motivado e saber incutir motivação nos outros”.

A requalificação do Centro Coordenador de Transportes promoveu a criação de novos Centros. “Não falo do passado com nostalgia, mas com a realidade de quem não julga o tempo. Hoje há uma tentativa exagerada de julgar a história e de alguma forma, com os olhos de hoje, querer julgar as visões do passado. Conheço bem o processo desta central de transportes que foi construída numa altura em que se criaram um conjunto de equipamentos no país. O problema da standerização destes equipamentos, fez com que nunca fosse adaptado à climatologia da Póvoa de Varzim. Como todos se recordam, passou por uma fase de abandono, que nos levou a criar novas valências para associações locais como forma de dinamizar o espaço. Depois surgiu a oportunidade de fazer esta grande transformação em Centro Coordenador de Transportes e em Centro Póvoa Empresas. Hoje, sobre o ponto de vista da inovação, representa o melhor que conseguimos trazer ao concelho, quer nas condições físicas do espaço, quer da atractividade que fazemos dos jovens e da forma como apresentamos os nossos projectos”. E Aires Pereira acrescenta: “A modernidade que este edifício representa, tem a ver com a mensagem de futuro, com a necessidade de inovarmos, de sermos capazes de nos superarmos. No fundo, constituir aqui um ninho que possa fazer a criação de empresas, para os tais que não nasceram filhos de empresários e precisam que a administração pública os ajude. Como existem ideias boas em todas as pessoas, estamos a dar essa oportunidade a quem tem dificuldades em concretizá-las. Temos no Centro Póvoa Empresas um grupo de jovens colaboradores muito motivados, ligados às novas tecnologias, capazes de constituir, sem sombra de dúvida, uma ferramenta desafiante para as novas gerações da nossa cidade”.

A Cidade é um Desafio que se Constrói Todos os Dias

Quem governa deverá ter sempre como objectivo um amanhã melhor. A autarquia criou em tempo de pandemia, uma plataforma digital para as empresas divulgarem os seus produtos, conhecerem-se e criarem negócios entre elas, angariando também novos clientes. “As circunstâncias obrigam-nos a ser criativos e o facto de a Covid-19 nos ter fechado a todos dentro de casa, abriu também novas oportunidades. Dois anos depois do início da pandemia, reconhecemos que as tecnologias foram uma ajuda importante e o salto digital que todos nós demos, resulta das circunstâncias em que nos encontrávamos. O MarketPlace ‘É Bom Comprar Aqui!’ surgiu porque o comércio estava fechado. Digamos que não havia possibilidade das pessoas se deslocarem às lojas ou às empresas para fazerem as suas compras, e nem todas tinham dimensão para desenvolverem as ferramentas digitais necessárias para existirem no mercado digital. Demos formação e explicámos como é que tinham que expor os seus produtos para incrementar o negócio. A Câmara para incentivar as compras na plataforma digital, criou incentivos de descontos na factura da água, como forma de trazer mais gente a este mercado. Ou seja, à nossa escala e dimensão, criámos uma loja digital onde envolvemos várias áreas comerciais. A nova direcção da Associação Empresarial está mais disponível para este tipo de parcerias e hoje são eles que gerem a plataforma”, relata Aires Pereira.

O MarketPlace serviu também como instrumento para a divulgação e comercialização da típica Camisola Poveira: “É uma plataforma digital que nos permite receber encomendas de todos os cantos do mundo. A Camisola deixou as nossas fronteiras e passou a ser um fenómeno global. Ainda hoje não conseguimos satisfazer as encomendas porque nós, Câmara Municipal, não promovemos qualquer tipo de alteração à criação artesanal, preservamos a tradição e a forma como ela é feita, independentemente do tempo que se demora a satisfazer um pedido, uma encomenda. A pandemia criou-nos novas dinâmicas, novas oportunidades. Já temos mais de 150 pessoas em formações da Camisola Poveira. Se perguntarmos, tal como fez ao menino - se alguma vez sonhou ser presidente de Câmara - se lhes passou pela cabeça frequentar um curso de formação de Camisola Poveira, 99% nunca pensaram nisso. Portanto, criou-se também uma oportunidade. Temos que fazer daquilo que são dificuldades, oportunidades, umas conseguimos ultrapassar, outras infelizmente não é possível, mas é este pensamento positivo que norteia a minha acção diária e que faz com que nós sejamos capazes de ter sempre um projecto dinamizador”.

O Edil vai mais longe e afirma que “só é possível obter os resultados eleitorais que tivemos porque fomos sempre inovadores e capazes de oferecer às pessoas uma mensagem de esperança concretizada depois em acções. Neste momento, estamos a construir o prolongamento da Via B que será aberta a 29 de Junho, dia de São Pedro, algo que foi pensado há muitos anos e que vai mudar a forma como nos humanizamos e relacionamos com a cidade”.

Contudo, Aires Pereira reconhece que não é uma obra consensual, “nem eu quero ser consensual. Estamos a falar de uma Via que vai atravessar o Parque da Cidade, que tem características próprias, não estamos a falar de uma alternativa à autoestrada A 28, mas ao mesmo tempo constitui uma alternativa ao grande congestionamento que a estrada nacional 13 tem. Estou a antecipar os críticos comentarem que, tem curvas a mais. O que está a ser feito tem um propósito, preservar o espaço que está a atravessar e a ser construído ao longo dos anos, o nosso Parque da Cidade. Depois, é importante que a nova travessia não se traduza em perigo para as pessoas que vão usufruir daquele espaço. É preciso que os críticos se lembrem que nós também pensamos”.

A nova estrada é o tronco, depois tudo se vai harmonizar à sua volta: “É uma coisa muito orgânica e que tem um enquadramento próprio, que é o enquadramento paisagístico do parque. Ou seja, estamos a ampliar a cidade para todos podermos usufruir. É esta capacidade que temos tido de nos questionarmos e de colocarmos sempre à frente daquilo que possa ser o médio interesse circunstancial, projectar isto para o futuro. É esse o esforço que estamos a fazer”.

A Póvoa Marca e iNOVA a Pensar nas Gerações Futuras

Há cerca de quatro meses Aires Pereira apresentou ‘A Póvoa Marca’, um projecto promovido pelo Município e que pretende valorizar a qualidade e certificação de produtos locais: “Está a avançar com a rapidez possível face à burocracia que este tipo de projectos encerra. Tenho que reconhecer que houve uma grande abertura por parte dos horticultores. É um processo de certificação europeia, que pretende colocar valor acrescentado naquilo que fazemos hoje, e também permite em futuros processos, nomeadamente nos concursos para a alimentação das nossas cantinas escolares, podermos colocar a obrigatoriedade de utilizar produtos de origem certificada. As pessoas têm aderido, vão ter que fazer ajustamentos ao seu processo produtivo que também será certificado, para que ao comprarmos no mercado aquele produto, tenhamos a garantia de que obedece ao padrão e cadernos de campo que foram elaborados para o efeito. Ou seja, eu posso consumir aquele produto com segurança”.

O ponto de partida foi dado com os produtos mais reconhecidos, a penca, a cebola e o tomate coração de boi, “porque só existem nesta zona. Este processo está em marcha porque é a maneira que o município encontrou de valorizar o trabalho do produtor e de alguma forma a Marca Póvoa. Findado este processo, haverá outros produtos locais que podem ser certificados como produtos de denominação de origem, a partir daquilo que é o saber acumulado de pessoas que foram apurando os produtos hortícolas, como o tomate coração de boi, a cebola ou penca da Póvoa. Acontece que os nossos produtores não recebem nenhuma mais-valia pelo seu apurado trabalho e é isso que nós queremos repor através da Marca Póvoa e da certificação desses produtos. Podíamos ficar quietos, mas penso que é obrigação de quem gere o município dar esta oportunidade, fazer com que os nossos produtores, os nossos munícipes possam ter melhor rendimento daquilo que é o seu trabalho diário”.

O Póvoa INOVA nasceu para se tornar um dos pilares estratégicos para o empreendedorismo e desenvolvimento empresarial local. Para Aires Pereira “é fazer com que os jovens que se licenciam, naturais da Póvoa de Varzim ou que queiram escolher a cidade para viver, possam arranjar uma actividade que os fixe à terra. Ou seja, que possamos criar oportunidades para que as pessoas possam desenvolver a sua actividade profissional aqui. Respondendo a desafios que as empresas nos colocam, fizemos recentemente uma parceria com a Otiima Ecosteel e outras se seguirão. Apresentámos no Centro Póvoa Empresas, a 1ª edição do Prémio Póvoa iNOVA Academy. Um concurso de ideias anual, que passa por levar os jovens a pensar num determinado produto que seja uma inovação e disso obterem um benefício que resulta num prémio ou num emprego com possibilidade de desenvolver esse mesmo produto”.

E prossegue: “É uma aposta que o município está a fazer para dar oportunidade aos nossos jovens recém licenciados, de poderem colocar os seus conhecimentos ao serviço de todos nós. Sentindo esta necessidade, confirmada pelo interesse que a Póvoa tem vindo a despertar na fixação de novas empresas, criam-se aqui um conjunto de oportunidades. É importante colocar os empresários a falar com as universidades e com os jovens que de lá saem. É uma oportunidade de fixarmos população e talento, algo que o país tem tido dificuldade. Se juntar a isto, uma estratégia local de habitação, a construção dos 150 fogos com rendas acessíveis, conseguimos estimular aqui um pacote que faz com que as pessoas olhem para a Póvoa como uma oportunidade. Não tenho dúvida nenhuma que o Centro Empresarial que vamos construir em Laúndos, será também uma oportunidade de formação no local onde ela é mais necessária”.  

A Lipor anunciou recentemente um novo pólo tecnológico nos terrenos que dispunha para a construção de um novo Aterro Sanitário. Segundo o Edil, “estão a juntar-se um conjunto de circunstâncias excepcionais para criar oportunidade de emprego. Não estamos a falar de salário mínimo, se Portugal continuar a insistir nesse modelo não vai conseguir fixar trabalhadores, eles vão continuar a emigrar. É através deste emprego qualificado devidamente remunerado que nós podemos ganhar a aposta da inovação e da fixação de talento. O país não pode continuar a investir na formação de um jovem e depois vê-lo partir para um destino no mundo onde será melhor remunerado e respeitado naquilo que é a sua capacidade e a sua vocação”.

A Póvoa de Varzim oferece condições e equipamentos que convidam a aproximar-nos dela: “Não é por acaso que nos últimos censos, a Póvoa de Varzim é dos poucos concelhos que aumentou a população residente. Não tem com certeza a ver com o mérito do Presidente da Câmara, mas terá a ver com o mérito da cidade que tem condições para fixar populações”.

O Junho Popular Oferece os Dias no Parque ao São Pedro  

Os Dias no Parque convidam cada vez mais associações: “As pessoas estão ávidas deste encontro, não só pela questão financeira, sabemos que também é importante para as associações, mas pelo facto das pessoas poderem conviver e querer retomar a vida que tínhamos em 2019. Se as condições meteorológicas o permitirem penso que vamos ter a Póvoa ali reunida porque este é o evento que junta, no mesmo espaço, todo o tecido associativo do concelho. É uma forma de partilhar e mostrar aquilo que nós somos, a nossa realidade cultural, desportiva e associativa, durante os dias no Parque da Cidade. Este ano temos novos desafios que resultam das novas acessibilidades que estamos a criar”, refere Aires Pereira.

Quanto às festividades do São Pedro, o santo pescador, este ano celebra 60 anos: “Temos que ser muito abertos áquilo que os tempos nos vão trazendo e mostrando. Às vezes tenho alguma dificuldade em aceitar algum discurso excessivamente nostálgico de pessoas que nos fazem lembrar a canção - ó tempo volta para trás – o tempo nunca volta para trás, é preciso adaptarmo-nos e permitirmos que as pessoas se divirtam de acordo com aquilo que são os novos padrões de entretenimento e as novas formas de como as pessoas se relacionam. A tradição tem o seu espaço, mas se não formos capazes de inovar e de nos adaptarmos, acabaremos sozinhos. Por isso, o mais difícil nas festas de São Pedro, é este equilíbrio entre o tradicional, os nossos bairros, sem eles não há festas de S. Pedro, e aqueles que têm hoje uma outra forma de se divertirem e não se reveem de alguma maneira neste tradicionalismo”.

E relembra: “Quando propus há uns anos a segunda noite de São Pedro, foi neste sentido e os resultados estão aí. A primeira é a noite da grande confusão onde todos nos encontramos, em que permitimos todo o tipo de diversão. A segunda noite é dedicada ao bairro, é ai que se vive verdadeiramente a tradição, e que nós estimulamos as pessoas a continuarem a fazer com que as festas não se desvirtuem. Acho que este ano a segunda noite, uma sexta-feira, vai rivalizar com a primeira. As festas têm evoluído sempre, as rusgas já se juntaram frente ao Castelo, depois frente à Câmara, seguiu-se a Praça de Touros até estabilizar no Campo do Varzim. Umas vezes resulta melhor, outras menos bem, mas é através da tentativa e erro que nós vamos corrigindo e vamos melhorando os festejos do S. Pedro”.

Há quem defenda na oposição que os apoios às associações acabam por limitar a sua liberdade. Se olhar para o facto de a autarquia atribuir um subsídio a cada um dos bairros permitindo que escolham as suas iluminações, a sua festa, é também para Aires Pereira um acto de liberdade: “Temos consciência de que os bairros não têm hipótese nenhuma de organizar a sua festa nem de sobreviverem, se não tiverem o apoio da autarquia. Temos que reconhecer que o apoio é justo porque eles dão com o seu esforço, com o seu trabalho, com a sua dedicação, a alegria e a cor que todos gostamos de ver nas nossas tradições e nos nossos bairros. Cada bairro faz a sua festa de acordo com a sua capacidade, uns são maiores outros mais pequenos, mas isso resulta do lugar onde nasceram. Temos esta disponibilidade de criar condições para que eles se apresentem da melhor forma que entendem que estão melhor representados. A autarquia não tem aqui nenhum efeito manipulador sobre os bairros, eles têm a liberdade total de se organizarem, de fazerem o que bem entenderem durantes estes dias”.

Descentralizar Investimentos Equilibra Melhor o Concelho

Para o Edil há uma harmonia entre as freguesias e a sede do Concelho: “O projecto que eu tenho liderado tem tido o cuidado de apresentar as propostas ao eleitorado quer do município, quer das freguesias. Nos manifestos dos candidatos das listas propostas pelo PSD, vem esclarecido os investimentos nos quais nos revemos. Tem acontecido nos últimos anos que as freguesias são quase todas da mesma coloração que o executivo, portanto está garantido à partida. Antes da elaboração dos orçamentos anuais, fazemos uma reunião com todos os presidentes de Junta para discutir os projectos do próximo ano, para que possam ter acolhimento no orçamento. Não cabe lá tudo, temos prioridades e há investimentos que se fazem ao longo dos quatro anos. Esta harmonia tem resultado num desenvolvimento que é reconhecido por todos, quer na cidade, quer nas freguesias, com equipamentos de carácter cultural, desportivo e outras infraestruturas. As nossas doze freguesias estão equiparadas ao nível dos equipamentos áquilo que é a sede do concelho”.

Um Ambiente sustentável é cada vez mais emergente: “Temos vindo a construir um modelo de cidade-concelho mais equilibrado, virado para as pessoas, com menos privilégio do automóvel, que é sempre um conflito difícil de gerir, e também um conjunto de investimentos que nos permitam usufruir de algumas zonas do concelho, naturalmente bonitas e com dificuldades de acesso, mas que vamos abrindo à população e convidando até a visitar, fazendo os percursos dos passadiços. Também não é possível retirar de um dia para o outro todos os automóveis do estacionamento que existe à superfície. Isso seria a cidade ideal, mas temos que conciliar os diversos interesses e caminhar no sentido de reduzir a nossa pegada carbónica, tudo aquilo que tem a ver com emissões CO2, emissão de gazes com efeitos de estufa, para criarmos a melhor sustentabilidade do planeta, e com o sentido de responsabilidade deixá-lo para as gerações futuras que têm todo o direito a ter qualidade de vida. Temos que fazer isto de forma equilibrada para que as pessoas possam suportar financeiramente as condições que lhe estamos a impor. É do equilibro desta situações que nasce a nossa vida comum”.

Aires Pereira revela que a autarquia tem a intenção de implementar novos projectos, “melhorando os meios tradicionais de energia, quer seja a iluminação pública, quer seja um novo projecto Porto Solar em que os edifícios públicos vão ser cobertos com painéis fotovoltaicos para o autoconsumo. Nós, hoje, queremos chegar antes de partir e há que dar tempo à maturação das soluções e à implementação das mesmas. As coisas demoram o seu tempo, é preciso fazer os projectos, arranjar os financiamentos, não é imediato. Hoje, consumimos a informação à velocidade que ela nos passa pelos olhos, para alimentar isto é muito difícil e nós precisamos de viver. Este é o desafio que pode fazer a diferença entre nós sermos felizes ou não”.

Um político, mesmo que a sua função seja regional, não é um político regional, os seus horizontes são o país que queremos ter: “Pensarmos a nível nacional e como um todo não nos tem ajudado muito e por isso é que o país é tão desigual. Temos áreas metropolitanas onde praticamente não falta nada e depois temos o resto do país onde falta quase tudo. Acho que é preciso devolver esse poder de decisão às regiões. É preciso que não estejamos sempre submetidos à vontade dos políticos que estão no Terreiro do Paço, uma espécie de corte, em que cada vez que pretendemos mexer em alguma coisa, nunca estão disponíveis para nada. Basta lembrar o que se passou com a anunciada vinda do INFARMED para o Porto, em que estávamos todos de acordo, o primeiro-ministro, a ministra da saúde, e não foi possível. Há poderes estabelecidos que estão para além dos legitimados pela força do voto, e é esse tipo de coisas que é preciso alterar. Nesse sentido, cada vez estou mais egoísta sobre o bem-estar daqueles que eu represento. E para que o bem-estar daqueles que represento, possa ser bem servido, é necessário reduzir o tamanho da corte em Lisboa para aproximar o poder que distribui do poder que decide. Esse é o grande debate que temos em cima da mesa”.

Descentralizar, regionalizar, Aires Pereira diz para se fazer esta reflexão: “Se olharmos para a Europa, os países não regionalizados são os que mais atrasados estão, e aqueles onde a regionalização é mais efectiva, são os que têm melhor qualidade de vida e maior capacidade de investimento. É preciso dizer que 14% do investimento nacional é feito de forma distribuída nas autarquias, mas essa transferência de verbas representa 56% do investimento que é feito no país. Ou seja, o princípio da subsidiariedade que é aquele princípio de quem está mais perto segue melhor, tem aqui a plena expressão destes números que acabei de dizer”.

A participação do Presidente da Câmara na Europa das Regiões é uma escola de conhecimento e “uma forma de vermos que há quem faça as coisas melhor e de forma diferente da nossa. E isso é algo que precisamos aprender todos os dias. Se não sairmos do nosso burgo, dificilmente percebemos o que se passa à nossa volta. Daí a importância de termos horizontes mais largos, conhecer outras experiências, mas não é o transpor do que vemos lá fora, é utilizar isso como ensinamento para aquilo que é necessário ser feito aqui. Não temos que ser fotocópias de coisa nenhuma, nós temos a nossa realidade cultural, a nossa individualidade e a nossa história”.

Por: José Peixoto 

Fotos: Rui Sousa

partilhar Facebook
Banner Publicitário