Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão pelo Meio da Confusão

Viagem em Balão pelo Meio da Confusão

Opinião | 19 Março 2022

Há dias em que tudo o que há para correr mal, corre. Que o gajo é mau já sabíamos, como sabíamos que não é o único. Tal como sabemos que a NATO é comandada por uma certa Nata que não se compra na pastelaria, vendem-se por interesses belicistas. Falam da guerra como se estivessem a falar da galinha dos ovos de ouro, que por acaso até é para os negociadores da morte, e da sorte que o povo tem em escapar do naufrágio a nado com os Lusíadas numa mão.
 
O Pasolini deveria ressuscitar só para beliscar o povo e assustar esta malta. Estamos em guerra pela primeira vez, as outras eram meros exercícios com muitos enganos colaterais. Os dados estão lançados no pano negro da discórdia, enquanto uns fogem das bombas outros correm para atestar. Encoste-se no banco, as suas poupanças estão a entrar no depósito. Acalme-se, não acelere, deixe a viatura viver em ponto-morto até que o santo euromilhões o salve.
 
O mundo está louco. Queres ver que foi o endiabrado Vladimir que bombardeou há 21 anos a ponte Entre-os-Rios! Deus não é Russo, tem o cabelo grisalho, gosta de comer bananas e imitar macacos. Me mordam para perceber se estou vivo no meio deste contra-ataque de especiais enviados de propósito e com propósitos meramente educativos, quem sabe até nos simplifiquem em directo o fim do mundo antes que aconteça. Tudo o que era construção é ruína.
 
O imperialismo finou-se, morreu todinho, uma coroa de flores assinala a saudosa e dispendiosa despedida até à Divina Comédia do Dante. Crescem-me as asas nas costas, já me sinto a habitar o céu. É que, no teatro de guerra que nos apresentam, os encenadores podem escapar, mas os actores morrem mesmo. Há um optimismo trágico em cada ambulância pela urgência de socorrer.
 
Ó NU ninguém repara, o teu corpo é diplomático e não serve o nobre erotismo dos lençóis. Ninguém protesta porque as outras não vão com a Maria, preferem a anestesia por contágio democrático. A nossa batalha fica em Alcobaça, mas andamos ansiosos por voltar ao Memorial do Convento.
 
Se as 24 horas não fossem de palpites e de guerra em directo, por cá, da esquerda à direita, se os órgãos do partido fossem genitais poderíamos sempre tentar perceber quem tem tomates para deixar de financiar o emprego precário que está a alimentar a desonestidade empresarial, vulgo proxenetas ou prestadores de caridade. Dirão que são outros quinhentos, mas há quem receba quatrocentos em 8 horas de trabalho sem descontos e com direito a não gozar férias durante o ano de contrato.
 
O ambiente de conflito não está a ser nada bom para o meio ambiente. Precisamos de uma cimeira que acalme este clima. Fica complicado salvar o planeta sem salvar a pele. Diria que os cães vadios são livres, mas há uma sensação de desperdício quando a vida nos tira a surpresa e nos oferece a desilusão. Para o Caetano Veloso, “Alguma coisa está fora da ordem. Fora da nova ordem mundial!”.   
 
Júlio Verme
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