Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão aos Saqueadores da Causa Perdida

Viagem em Balão aos Saqueadores da Causa Perdida

Opinião | 20 Julho 2023

 

Causa ou casa o saque permanece. A Banca quando manca o contribuinte paga. Com a subida da taxa de juro o lucro dos cinco maiores bancos portugueses que ainda recentemente sangraram os nossos bolsos, aumentaram 54% para 919,3 milhões de euros só no primeiro trimestre. O segundo já lá vai e o sorriso ainda é mais rasgado, mas o desespero dos que vivem ainda com crédito é cada vez mais suicida.

Aqui ninguém volta, aqui ninguém está perdoado. Do risco desarrisca-se a Banca e o credor deserda-se da vida e aposta nos multiusos, abusos também sofre, mas a segurança social apoia a renda da lingerie e até o banco de jardim serve para tirar as meias e as medidas ao portefólio do cliente. A violação da ordem pública não é sexual e o perdão fiscal só é aplicado às empresas que ainda não chegaram ao paraíso.

De fininho o Chico passa da nomenclatura à esperteza, da embriaguez à escolha das castas, entra para a direcção do arraial político e chega a ministro enquanto Deus esfrega um olho. A oposição reage, ferve, revitaliza-se em caldeiradas de bacalhau e canjas de galinha, e candidata-se ao poleiro a cantar de galo.
 
Não sei se foi sempre assim entre o cozido e cozinhado. Na Roma antiga o imperador ligava tanto ao povo como o oprimido ao ditador. Aliás, na Roma moderna não se vislumbra outra vontade. Custa até a entender o Papa. O homem bem ora a toda a hora, mas a igreja continua a não ter mais lugar onde esconder pecados. Só entendo o Tolentino poeta e de papa só a de sarrabulho.

Não há sesta como esta. É vê-los transformados em turbinas de nasaladas ressonâncias, dicotómicas observações de voo raso, e a culpa tem divórcio anunciado, adiado e reconciliado. Transtornos intestinais e arrogantes patetices é o que é. Um arroz malandro pacificava o reboliço e embarrigava os comentários de arrotos.

Numa altura em que a política atravessa um momento de desmame, somos levados da breca pelo turbilhão falante do supremo republicano que, de palpite em palpite, vai quebrando o galho ao dispensador de farnel. Levou uma trepa do primeiro, mas como fiscal dos assuntos democráticos comunicou ao país a desfaçatez que sentiu quando as gambas e Galambas escaparam entre fluidos mágicos.
 
Da última vez que a coisa ficou séria, sem qualquer comichão de inquérito ou prenúncio de aldrabice, vendemos a dívida e compramos a penhora. A culpa é vossa, da próxima vez actualizem a moeda aos cinco reis de gente que nos governa, e privatizem os partidos com acções na Bolsa. O psi 20 encarrega-se da sondagem e quem cair em ruína não é nenhum lesado da raspadinha.

Andava tão artificial com a crendice dos fantoches que a inteligência virou demência. Num teste à burrificação da espécie, perguntei ao Chat GPT se o frango que o vizinho comeu, se meio era meu, que sim, que a estatística validou a minha fome. Ainda vamos todos para a caverna contar neurónios mais cedo que o futuro. 

No país dos estudos estáticos e apoteóticos para a instalação de lunáticos, há quem sobreviva na submersa realidade de uma ideia pré-histórica destinada a demolir o Padrão dos Descobrimentos, mas afirme que as gravuras ou pinturas rupestres são expressões de desnorte pela falta de bússola e sextante que orientasse o anónimo artista. Se a terra não fosse redonda qualquer iletrado saberia onde encontrar os dez cantos d’Os Lusíadas e passaria a Mensagem. 

Júlio Verme

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