Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão aos Acalorados com as Faces do Gelo

Viagem em Balão aos Acalorados com as Faces do Gelo

Opinião | 3 Março 2022

Ora vamos lá sacudir os votos do capote e encontrar os culpados disto tudo. Há esquerda, sempre ouve e houve, mas não consegue ver a linha que separa o horizonte do eleitor. Há direita e a política é mais longa, mas a montanha, desta vez, pariu um gato. Há quem viva entre a dor de cabeça e a dor de cotovelo. Eu conheci um bode que não era expiatório, cobria o rebanho de fêmeas no pasto. O pastor, admirado, contabilizava os queijos de cabra.
 
Pode descer que não tem fundo, sairá do outro lado do mundo e se bater só pode ter sido empurrado. Este país é largo de Costas e não viu Rio algum de esperança, apenas Venturas e Alecrim aos molhos. Quanta traição o procura, neste enfermo diamante bruto. Serei eu o puto que não entende nada de escola e se um dia for a Angola, quero ser o mais escurinho para que a noite me procure no ninho.

Não faço ideia quantos mestrados entenderam este pergaminho discorrido do desentendimento entre a palavra, o ofício e o seu significado. O povo, esse, sem assalto nem sobressalto decidiu desiludir os manipuladores de comentário. E vai daí, o desventurado chegou à dúzia e reclama vices presidências, o liberal capital mostrou os dentes jovens com um deputado, por cada dia da semana, e promete emagrecer o Estado e engordar o privado, o Bloco demoliu-se em acusações, os comunas em hesitações, o partido dos animais foi esterilizado, os democratas cristãos adormeceram no confessionário das guerrilhas internas e europeias mas, verdadeiramente, o que me preocupa é a falta de ideias concretas para um país que, pela idade, estaria a viver das verdadeiras reformas acumuladas por sucessivos governos, e não pelos políticos que se governam uma vida, cuidando da futura manjedoura das suas crias até à quinta geração.

Afinal o constitucional ainda não está obsoleto de todo, saiu em defesa de quem votou na Europa e viu anularem-lhe o gesto e a vontade. A repetição para eleger um secretário de estado da emigração e mais alguns deputados que nunca emigraram, acontece a 12 e 13 de Março. Só é pena que a irresponsabilidade se mantenha nos lugares onde a incompetência exerce funções. Na hora de escolher, os eleitores têm que desligar o virtual e se ligar à realidade para que a cruz não lhe caia no ombro.

Até que se contem os votos, todos vamos viver de duodécimos. Não sei se é bom, se é mau, só conheci o Duodeno, uma banda de líricos que em tempos se apresentou em palco e logo se despediu dos fãs como um relâmpago. 

Quando vivemos na casa dos 40 já habitamos muitas causas. O meu avô repetia que mais vale um pau na mão que dois nas costas. 

Qualquer filho bastardo sabe que tivemos um rei ilegítimo, como temos montes de eleitos que se preveniram com dentadura antes que os dentes caíssem de tanta aldrabice prometida. Pela mesma razão, a seca em Portugal será sempre uma verdadeira seca enquanto os apoios à agricultura não chegarem. Mas, o que está a dar-se mesmo são os combustíveis. Em cada semana o depósito cresce e o combustível mingua, mais rápido se continuar a insistir em meter sempre os mesmos euros de gasóleo ou gasolina.

Sem filtro os portugueses seriam menos suaves, mas não querem meter o bedelho nos lucros eróticos da indústria petrolífera. 
 
Dei-me ao lixo de observar os respeitáveis anunciantes de tempos difíceis e descobri que ouvi-los é o mesmo que taxá-los em realidades que não as deles. A tracção às quatro patas é um convite aos modos suaves de circulação, e para o seu relax, Sebastian Bach. 

Júlio Verme 

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