Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão ao Senso Comum dos Alinhavos

Viagem em Balão ao Senso Comum dos Alinhavos

Opinião | 10 Abril 2024

 

Cada um cuida do seu abafo. Quem gosta de ficar por cima, exibe uma boa coluna vertebral. Eu não me importo nada de ficar por baixo “porque é de baixo que me vem acima a força do lugar que for o meu”, tal como Ary segredou primeiro no papel.

Já percebeu que leio, que o meu decoro está cheio de desnecessidades práticas, desabafos. É da idade que ainda vai a meio e sem outro meio que não seja o vestígio dos que usam a cabeça antes de qualquer sentença. 
 
No jardim da Celeste a maconha crescia entre o trevo, feijão fradinho e a fava madrinha. A lei andava fora, entretida a comer do bom e a renegociar um eventual resgate de melões próprios das melomanias e excentricidades culinárias do lobo mau. “Vamos devolver ao povo o que é do povo”, se for mais miséria e mau-viver podem ficar com ela ou vendê-la a seis meses, um ano, três ou dez. O juro promete baixar e as luxuosas agências já nos tiraram do lixo para a reciclagem.

Às vezes, a sátira não explica tudo. A abstinência sindical pela descriminação e exploração dos desempregados em funções públicas com um contrato CEI+, que recebem pouco mais de metade do salário mínimo, sem direito a férias e com falta de sorte, ficam lá um ano, é um abismo na relação direito/trabalho. Mas, é de solidariedade que se trata, quer do explorador, quer do explorado. Dias de Abril fizeram-se amiudadamente aos mil e nem um escapou ao absinto dos confiscados da alergia.

Há quem receie a Inteligência artificial, e tem razão. Como esta se serve dos créditos depositados na internet por qualquer bípede nómada ou intelectual de algibeira e doutorado em comer os outros de cebolada, é natural que seja despedido por saber fazer ou empregado por ter o perfil de um confesso e safado Trambiqueiro. Segundo a teoria da constipação um esfriado pode informatizar uma baixa médica.

O sexo foi adjudicado. Quem berrou tal impropério? O Papa? O papá? Papai os dois que a papa da mamã é de sarrabulho. O Badameco diz que disse e desdisse o meio século de liberdade, condicional ou antagónica. O homem não tem cura, mas quer tanto a placa na rua e a estátua na praça que promete parar um tornado com o dedo apontador. De pêlo na venta até que o punho torça ou a mão se abra, a nova campanha já começou a farejar o vulgacho sem arejar a incoerência.  

Mas, como para cá do Marão, sobrevivem os que cá estão, se espreitar nos cidadãos mais iguais de Trás-os-Montes encontrará um deserto noticioso por descobrir, um povo devoto, esquecido há dezenas de anos pelo voto. As promessas são como a Neve, depressa o sol se encarrega de a entregar ao mar. Há também por aqui, como por aí, uma certa dificuldade em encarar a realidade. Ou melhor, podemos sempre dizer o que achamos, mas em surdina, para não perturbar o ouvido à gente fina.

O Mello de Gouveia, um respeitado calça vincada, pretende assegurar o emprego dos ‘chicos’ com o regresso do serviço militar obrigatório. Diz o cujo, que desta forma se retira os jovens do desemprego, assim como se prepara os fanáticos da intriga para a sociedade e ameaça russa, ruiva ou loira, mesmo que seja dos carecas que elas gostam mais, ou eles.

Júlio Verme

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