Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão ao Partido Único na Nação

Viagem em Balão ao Partido Único na Nação

Opinião | 20 Dezembro 2019

Livres da gaiola os pássaros encantam lá fora, até que uma chuva de chumbo se abate sobre as asas. A época de caça abre aos tiros e as vítimas são ao acaso. O partido do animal abstêm-se por não saber voar, mas promete continuar a delicada hipocrisia de esquecer a pessoa, porque o que está a dar é uivar junto ao precipício.

Perdido entre o nada e coisa nenhuma anda o pagode do Zé à solta, escanzelado como tem que ser, porque na topografia dos alinhados há uma superioridade moral e uma autossuficiência de valores tão corporativa que até o mais abusado dos ditadores de pacotilha se sente um pavão.

Há candidatos em reflecção. Vai durar, estas cabeças não encontram os seus neurónios a pensar, quanto mais a aprender a respeitar. É comovente vê-los esgadanhar-se pelo poleiro. Os órgãos de desenformação vão promovendo as encomendas a saldo. Mete pena que depois da hipotecada primeira licenciatura, ao Miguel não tenham perguntado se já é portador de um canudo verdadeiro ou se preferiu voltar a encomendar outro. Ao Monte Negro que lavado e escovado veio oferecer uma ditadura social-democrata e os seus dotes de desempregado, dava-lhe uma jangada de pedra para vencer o Rio e navegar o Saramago, de braço dado com a Maria Luís.

Esta dinastia cronometrada quer assaltar o lugar do pódio prometendo ao partido endireita-lo. Há quem defenda uma razão em contramão a moralizar o covil de ignóbeis e ressabiados agitadores, reles também se usa. Esta espécie de Homo sapiens sapiens descobriu na caverna uma taberna e o desequilíbrio anuncia o terramoto na política. É um partido doente, se fosse uma árvore cortava-se.

O cadáver esquisito sempre que abre a boca anuncia um funeral. Agarrado aos galões de uma presidência para esquecer antes de morrer, entre a urna e o caixão escolhe o último para enterrar o voto. Ninguém faz mais que o coveiro pela abstenção. É por isso que a Maria Luís, se sonhava ser, acordou do sonho quando o senhor Silva a preferiu para liderar a desordem de um partido que só tem mais dez deputados que os sexuais 69 membros do governo.

Não devemos desejar o mal a ninguém, porque todo o ofício tem ossos, mas alguns não ficavam mal na montra do supermercado, a anunciar a missa do sétimo dia. Bem fez a abantesma da Cristas que sentiu água no capô, demitiu-se e foi a banhos, não vão os tomates voltar a nascer debaixo da terra. É só palanfrório, mas qualquer Cavaco que se prese só pode odiar o Rio por este o esquecer na margem sem grande esforço. Esta coutada de lesmas radicais, entre o boicote e a lealdade, não sabe que Rio abaixo, Rio acima, cantava o Rui do anel de rubi.

No internacional, outra abécula dos novos conteúdos do Twitter, conhecido pelo único presidente cor de laranja do universo, revelou-se um notável cartomante. O Trump tem realmente noção da importância da cimeira do G7, para o Mundo. Até ofereceu um seu resort clube de golfe, em Miami, para o divertido bacanal e repasto do caviar nos intervalos do poker e da gargalhada.   

Sentei-me à espera do fim do mundo, mas foi adiado. E de pé ajuizei o tempo, não passava de um mal-entendido entre o copo e a garrafa.

Júlio Verme

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