Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão ao Partido Abstenha-se de Não Votar

Viagem em Balão ao Partido Abstenha-se de Não Votar

Opinião | 31 Janeiro 2021

Foi uma pena a abstenção ter ficado tão longe do desejado por tantos encomendadores de sondagens à boca da tolice. O povo quando é espicaçado na sua moleza sai de casa e marcha contra a anunciada e quase prometida desgraça.
 
Não, não foram os apelos ao voto, nem as canetas e os bonés oferecidos em campanha, foram os pêlos arrepiados por tanta desfaçatez. Creio mesmo que alguns dos anunciantes em hora de ponta dos canais televisivos estavam a somar-se a eles próprios, pelo pânico gerado nas suas tólinhas pelos números de infectados sem coronavírus. Já há quem tenha pintado o futuro de negro para os próximos dez anos. Um cérebro confinado a uma memória de galinha só vê a rede na sua frente. Faz lembrar a bastonada do bastonário quando disse que as pessoas em casa devem usar cada um a sua casa de banho. Gosto deste optimismo que oferece a cada português um Palácio Hotel com quarto e casa de banho privativa. Os que ainda não têm, podem sempre usar um penico ou um bacio, consoante a linguagem em uso no local. Depois, para se purificarem destas ficções propagandistas, usem um lavatório com um jarro de água aquecida no lume do telho.

Esta gente do berço de ouro é tão desinteressada, que vai de óculos de sol à missa para Deus não os reconhecer. Por outro lado, nestas presidências, renovado o mandato ao Marcelo, há uma ressuscitada réplica salazarista, que durante o discurso de empolada vitória moral, passou o tempo a furnicar-nos os ouvidos sem preservativo.
  
Vêm já aí, não tarda, outras eleições, desta vez para eleger os autarcas. Como em cada esquina pode nascer um partido, porque não chamar-lhe Abstenha-se de Não Votar.

Júlio Verme

 

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