Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão ao País do Paspalho e do Mandrião

Viagem em Balão ao País do Paspalho e do Mandrião

Opinião | 19 Setembro 2025

 

Creio que os críticos são gente de criticar porque têm tempo, o tempo da sornice, do calaceiro. Olhar tudo do avesso não é corrigir o que está mal, é dizer também mal do que está bem. O seu conhecimento não tem que ser de facto, às vezes ouvir dizer, basta. Há os predestinados, as sumidades intelectuais, os eruditos de casta menstruada e os invariavelmente dotados de superior entendimento das coisas inúteis.

Há mais, mas nenhum vampiro chupa o seu próprio sangue, só por mental e diminuída capacidade rítmica. Por isso, fazem fila no mostrador, trocam as voltas aos ponteiros e apontam o tempo errado aos relógios, consultam o desperdício, não largam mão da fartura, são preparados primatas e mordem a língua de inveja.

Não são uma desgraçada encomenda, até chegam a ter graça, quando da chuva miudinha anunciam um dilúvio ou de um estampado da pele, um rasurado impulsivo. Aos políticos devem vénias ou isenções imaturas livres de impostos. São catedráticos interactivos, observadores ministeriáveis. Contam todas as contas, justificam a equação com a ficção orçamental. Sobre as guerras não há mistério, sabem tudo desde o alfinete do General à agulha partida do gira-discos da sala de estar. Dos mísseis terra-ar afirmam convictamente que depois da falta de ar caem por terra. 
 
Há uma guerra em Sarilhos de Cima que começou por baixo. Entre parolos e tolos, os desnatados e coscuvilheiros da alcova alheia engendram planos sobre a pirosice a contracenar em seara fértil. Com aldrabice imune e sem vergonha ascendem ao mito, ao grito, ao conflito e ao infinito sem renúncias ao cargo. É normal os criados já servidos homenagearem criados de servir. Haverá sempre pessoas que não sabem o que dizem e outras que não dizem o que sabem.

Estarreja atento, há outras terras no Entroncamento onde os dentes das galinhas fazem bico ao quico e ao panamá. Santa Margarida que o diga. Aviar a tropa antes da guerra, antes dos 5% anual de investimento militar. A saúde, a educação, a cultura será uma ilusão de óptica, uma condição, uma percepção para qualquer Mandatário suspeito de atear um fogo igual ao que o Ventura apagou. A Nato não é um pastel de Belém, mas é pasto para o seu inquilino. E há em Lisboa quem admite, mas não se demite.

As comissões de inquérito fazem fortes comichões, mas acabam por passar. Por isso, ainda vamos acabar por considerar uma ambulância Zona Franca para que os ali nascidos não tenham direito a Abono de Família antes da maior idade. Deixemos andar, se ar e vento desse de comer andavam todos de boca aberta. 

Uma paliçada dava jeito, uma espécie de campo de concentração de víboras eleitas pela liberdade, que podiam sempre gladiar-se com o povo eleitor a assistir de camarote, a levantar ou baixar o dedo quando reconhecessem, ou não, o abismo das suas decisões, o fascismo das suas intenções, antes que os cabos voltem a rebentar.

Júlio Verme

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