Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão ao País das Pessoas de Pernas Para o Ar

Viagem em Balão ao País das Pessoas de Pernas Para o Ar

Opinião | 27 Novembro 2023

 

Desculpem lá, temos encontrado alguns enganos na acusação do mistério público, pensávamos que talvez o assado tenha queimado alguém e influenciado o cozinhado que foi servido neste desastre processual. Digamos que o estado do golpe no desgoverno precisava destes equívocos. Ate porque, como muito poucos sabem, os donos disto tudo, numa benemérita atitude pagam quotas à hipocrisia da direita à esquerda radical e confiam no crítico dos lusitanos decotes que sobrevivem entre seios para dar a possibilidade a um pronto-a-vestir governativo lá para Março, que embrenhado no tempo cairá de podre tal qual os anteriores. É da praxe dar à estampa popular a ideia de mudança, um novo modelo travestido de unissexo, de uma europeia neutralidade carbónica.

Posto isto, nunca me opus a esta oposição que segue a velha máxima de dizer mal do que está mal e dizer mal do que está bem. O Imposto Único de Circulação IUC era mau porque atingia os velhinhos chiantes das famílias dos bairros da consolação com carteira a condizer. Agora, o Governo retira o protesto do Orçamento do Estado e recebe de aplauso uma medida eleitoralista. Se for eléctrico, no burgo cá do sítio, mesmo de carteira recheada estaciona à borla. O caruncho cerebral não é uma doença, antes um bolor que antecede a demência dos carrascos cumpridores de sentenças.

Com este mandriar eleitoralista, consta que há movimentações dentro dos sociais-democratas com os defuntos democratas sociais cristãos, que em câmara ardente esperam ser cremados e transladados para o Panteão dos Inválidos. Honra lhes seja feita, os seus progenitores encarregar-se-ão de dar às praças figuras e às ruas as suas siglas. A usurpação de poder, fez o governo dar à costa, tudo porque o amigo que desempata amigo não é amigo, mas o amigo sente-se imune à circunstancial aptidão para a infantilização das culpas. O Alzheimer assume-se fiel e diz lembrar-se de tudo. 

A bem da república, discretamente, mas pouco convencidos do bem-sucedido e imaginário que fez desmoronar a sólida aparência democrática dos eleitos, por cortesia presidencial, sem esperar uma avaliação judicial dos arrependidos, mandou o povo às urnas. O velório ainda não foi sufragado, mas as sondagens apontam para uma vitória esmagadora da abstenção.

Quando não se brinca a coisa fica séria. As transparências até podem ser eróticas, tal como os lucros da banca em Portugal, que arrecadou um valor líquido diário de 12 milhões de euros. De sorriso largo e dentadura a condizer, os seus administradores anunciam 2023 como o ano com maiores lucros de sempre do sistema solar bancário. Enquanto isso, mais de um milhão e duzentas mil famílias sucumbem com as prestações do crédito, que, em média, subiram mais de 60%.

Enquanto esfrega o olho e o optometrista o avalia, os judeus exterminam palestinianos à procura de terroristas, em Londres é leiloada e vendida a um excêntrico abstémio uma garrafa de whisky por 2,5 milhões de euros. Os céus iluminam-se com antecipadas mortes na Ucrânia e um chapéu de Napoleão é comprado em Paris por 1,9 milhões de euros. Chapéus há muitos, mas não foi um qualquer palerma que o comprou. Naturalmente, a Europa comunitária desconhece quantos bacanais promove com o seu esforço de guerra e a sua imóvel e náufraga cegueira mediterrânica.
 
Enquanto isso, os hidrocarbonatos são hipocondríacos. Ela estava linda de morrer e eu morri nela, e ressuscitei noutra pessoa. O título é saqueado ao Pina.

Júlio Verme

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