Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão ao Invés da Desacostumada Confusão

Viagem em Balão ao Invés da Desacostumada Confusão

Opinião | 13 Janeiro 2023

 

O congelamento do conflito precisa descongelar. O aquecimento global é uma causa efeito do arrefecimento cerebral. Não há dúvida que o ano nasceu clonado de janeiros sistémicos, com o barato mais caro. Só não entendo o anunciar do óbvio. Os ordenados sobem, mas cada vez ordenham menos. Os combustíveis querem-nos fósseis, mas há sempre uma solução. Segundo o poeta Côta Seixas, “Para não ter frio no inverno foi enterrado no inferno”. O tipo aguentou-se à crise.

A agência de empregos PS com ou sem D reconhece que o altruísmo político fica caro e torna os candidatos disfuncionais, eles abandonam tudo para lavar no rio o dinheiro sujo e juram a pés juntos separar os descapitalizados do grande capital, anunciando crises de identidade, onde a oferta não se procura. Quando são afastados dos cargos públicos recebem chorudas reformas ou indemnizações e queixam-se em livro. 

A lei prevê que o exercício de funções por titulares de cargos políticos e altos cargos públicos, estão sujeitos a um período de nojo de três anos até assentarem praça num privado, mas estes tresandam logo para as empresas que os acolhem depois de terem sido ameigadas na crise por beneméritos subsídios do dito nojento.

Segundo os meios logísticos em papel e informáticos que se cruzam entre o Expresso e o Observador dos opositores ao governo, o nosso Rei Republicano foi de Manhã ao Correio enviar uma carta onde deu um ano ao Costa para fazer uma limpeza séria e objectiva na caixa postal do executivo. Creio que até lá é possível que encontre secretários e secretárias bem polidas e sem caruncho.

Há uma certa disrupção nos governos deste país que nunca são derrubados pelos eleitores, mas caem de podres. O filho do pai da avó da moça é irmão do Rebelo que navega no Douro sempre que traça o rumo sem esquadro até à Régua. Foram só 3,2 mil milhões de euros injectados na crise da TAP, mas que ganza, que pedrada histórica nos faz voar. Numa sala de chuto com uma gargalhada destas, e envolta em denso nevoeiro, não será nada fácil escrutinar gente séria.

O povo tem mais afinidade com as crises de fígado, de vesícula, de nervos, de ciática, de asmática ou de bicos de papagaio, não entende nada de dívida privada nacionalizada e de riqueza pública privatizada, mas aconselha o Costa a contratar o pirata informático Rui Pinto, para descabelar os arranjinhos dos que se perfilam à porta da governação.

Não cisme com um possível sismo, o Estado não precisa de secretárias destas, nem revela relatórios secretos sobre a queda do sono dos controladores aéreos por ligarem a televisão. Eu mesmo, se o fizer, adormeço a bem da minha senilidade mental. Só por capricho nos damos ao estilhaço da imbecilidade. Querem-nos tão ocos e vazios que até cacarejamos sem pôr ovo ou cantamos de galo sem ter poleiro. 

Quanto à roubalheira inflacionada de tudo o que é consumível, segundo o Eurostat e o INE os portugueses são aqueles que mais barrigadas de caroços apanham e ao mesmo tempo os que mais desperdiçam azeitonas na União Europeia. Antes disso, trincavam as espinhas e davam o peixe ao gato. Estes tugas habituaram-se a receber o mínimo pelo máximo rendimento, mas apoiam quem Chega. Do outro lado da fronteira os vizinhos espanhóis, sem IVA, comem tudo o que lhes aparece à frente, até a oliveira.

Júlio Verme

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