Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão à Mudança de Cor dos Corados

Viagem em Balão à Mudança de Cor dos Corados

Opinião | 18 Julho 2021

A paz reinava na rua da Constituição. Os transeuntes abatidos pela inquisição estavam expostos à superfície do chão. Os outros não sabiam de razões, cumpriram ordens e basta. Ainda hoje, ninguém questionou a manada nem se a caça às bruxas era legal. Deus percebeu nada e trancou-se no céu a sete chaves com o burrinho do presépio e o Espírito Santo, antes da fuga para o offshore do Egipto.

Na gruta dormia a turina sobre as asas que Gaspar lhe deu. Sonhava ser fácil contar nuvens ou vesti-las numa das suas deambulações pelo reino dos pássaros. Se algum dia lhe ensinassem os montes, deu-se à promessa de viver no cume da árvore mais alta. Enquanto isso, na praça do Giraldo, no país da sombra, gerou-se uma controvérsia sobre vertebrados domésticos com saudades do bravio.
 
As vacas voam por impulso mictório ou porque têm o ninho perto?

A resposta está na pergunta. Eu sei que o Observador é muito eficaz a observar, já o Independente assim era, mas por falta de pista nunca soube pousar numa vacaria. Teria percebido imediatamente que as vacas põem ovos quando são castradas e só usam aeroportos para pastar. Quando voam em bando, é conveniente estar atento à sua passagem, para evitar ser massacrado pela libertação intestinal do milho transgénico. Nada disto se compara ao voo a pique da TAP e outras companhias que por falta dela poisaram na carteira dos contribuintes, Tal e Qual.

O meu gato Messias está com problemas existenciais, não compreende as Vieiras agarradas ao bordão da fuga ao fisco, depois de se libertarem da falência dos caminhos de Santiago. Qualquer peregrino preferia o hotel aos albergues, mas as Finanças não perdoam as algibeiras indigentes, só amnistiam os endinheirados. A justiça equivocou-se, o Rei dos Frangos é capaz de não ser guarda-redes.

Por isso, o pagode do povo é o bigode do vinho e a vacina. Se duas doses forem pouco meta mais uma ou duas na conta. Os sintomas são mais de carteira que intestinais. Depois do Europeu nas bancadas e nas ruas da irracionalidade, começo a achar que nos andam a enganar. É a imunidade criativa das novas promessas de ditadura. Ainda vamos acabar a dar razão aos aldrabões congénitos.

Vale tudo para tentar ganhar as eleições autárquicas, o importante é conseguir o maior número de câmaras, ainda que seja à custa de uma advogada que defende a castração química para pedófilos reincidentes. Enviar os emigrantes para o seu país de origem ou mandar os ciganos, que nenhuma câmara ou serviço público dá emprego, ir apanhar gambozinos para os cemitérios, só pode ser ideia académica.

O curso dos rios é contrariado pelo Salomão quando desova na nascente, o outro escreveu o Cântico dos Cânticos e perdeu-se na foz do harém, onde o feminino é mulher. O resto é encher o mar de lixo.
 
Em cada dia, nos afligem de corruptos, gente sombria e protegida por eleitos, capazes de serem incapazes, dizer que está tudo bem e errar é humano. O meu cão vai sempre buscar o pau, é fiel. Eles também são, quando ocupam o lugar dos recados, das obediências e obrigações contratuais. Mas, ela está Lúcia, eu estou Jacinta, não sei se estás Francisco, mas caminhamos para um mundo sem lei, onde a única regra é o reino do deus dinheiro.

Em nome do pai, o filho acredita que, “desde que o homem foi à lua isto nunca mais se endireitou”.

Júlio Verme
 

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