Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão à Insustentável Leveza do Parecer

Viagem em Balão à Insustentável Leveza do Parecer

Opinião | 26 Agosto 2023

 

O sério demorou três horas a abrir a porta aos inspectores da Judite. Preocupado com a carola de político de pacotilha, foi para a varanda e de cabelos ao vento inocentou a imprensa que não sabia de nada, mas suspeitava da informação em fuga. O Santos da Assembleia a piscar o olho à presidência, desaveio-se com a angustiada democracia e fez uma defesa aparatosa da ditadura na paróquia de Arejos e da liberdade condicionada aos alforges dos partidos e quebrados direitos dos políticos, cidadãos de primeira água-benta e de exaustiva escolha percutida. Quando um político é investigado a democracia está em perigo. Queres ver que o Chega já havia chegado antes de chegar?

Quanto ao uso indevido, agora devido, de subvenções do Parlamento, o Sindicato dos magistrados alertou para o facto de haver gatas no telhado demasiado parecidas com gatos, mas que mesmo assim os pássaros preferem outros poisos do que cantares ao desafio. Por lá andarão outras chocarrices disfarçadas de damas de honor da senhora do leite. As ministras e os ministros afirmam que as secretárias são do Estado mesmo que os secretários levem o computador. 

Desentenda-se quem quiser, um país remendado foi encontrado roto e o remedeio continua a ser idolatrado e vigarizado nas derrapagens públicas. A nossa sorte é que o dia dos finados passe por nós e a vida continue a prazo mesmo que renda pouco. Que se tape e destape diariamente a pista ao pistoleiro e o mundo acabará por nos transformar em pó de arroz, só de pensar na limpa energia nuclear ou nas pacíficas bombas de desfragmentação.
 
O planeta está cheio de gente esquisita, cabeças rapadas ou com ninhos de galiforme migratório, pírcingues no clitóris e na glande, amanteigados cus até ao pescoço a reclamar igualdades nos destroços íntimos, crianças a insultar o avô por ser pai na idade de ter juízo, e uma república de mamas ao léu a desafiar a virilidade de um país de surreal bem-estar e costumes abrandados pelos disputados da nação.

Quer-se Laico, mas o bem receber é de Papas e o ajuste das jornadas é directo para que não se perca entre outras Moedas. O crédito tem o credo na boca e a Banca anda a surrealizar lucros por aí. Incomodado com tanta lábia celestial e dolo de bolso, o desemprego do fundo só trabalha para empresas que pretendem sugar dos apoios do Estado à contratação, mas quem dá o palpite é o computador. Viva nossa senhora da Informática pelos diários milagres da multiplicação da espécie do finado Neandertal. 
 
Há um cérebro sem rosto, uma tertúlia a definhar no ecrã e um poema sem saliva. É inarrável o que se vê de parolada estereotipada, tantas vezes martelada que o manjerico antes de cheirar carregava os sacos da farinha. Que moléstia de gente é esta que diz dar ao povo o que ele gosta e nunca lhe ofereceu lagosta.

Os Talibã queimam instrumentos por considerarem a música imoral. Deus é cego e surdo, não aguentou a implosão do universo e quando recebeu o primeiro Eu, ficou mudo. Tudo muda, até o mau tempo agora é o sol. Um dia morrinhento é tão bom que toda a gente sai à rua. E se morresse todos os meses e ressuscitasse? Nem Lázaro.

Júlio Verme

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