Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão à História do Apagão da Memória

Viagem em Balão à História do Apagão da Memória

Opinião | 15 Maio 2025

 

O Eléctrico saiu dos carris. A Carris tem cada vez menos eléctricos e picas. O gerador só gerou confusão na data da sua esquecida avaria e o hospital ficou à luz da vela. Tudo correu bem, menos a falta de luz. A culpa foi do electricista que instalou a luz em Portugal e o interruptor em Espanha. Como é sabido, daquelas bandas nunca vieram bons ventos nem bons casamentos.

Negociados os fusíveis, a dupla brejeira Luís e Carreira a plagiar ‘Sonhos de Menino’ apresentaram-se num palácio em Belém para toda a família, fez lembrar o clássico ‘bacalhau quer alho’ do erudito Quim de uma Vila ancorada numa praia. Até aqui tudo normal não fosse a falta de neutralidade de um Estado laico que, segundo o artigo nº 4, da Constituição da República, "o Estado não adopta qualquer religião nem se pronuncia sobre questões religiosas". Até Deus sabe disto.

Daria de barato os três dias de luto e o adiamento das comemorações do 25 de Abril, transformado em arraial de conveniência e farturas, se esta grunhisse do mando quero e posso, que se expôs na coreografada primeira fila das exéquias do Papa, algum dia tivesse respeitado, ainda que por vergonha, as palavras de Francisco e cumprissem a Paz que tanto elegeu aos ouvidos desta ilustre hipocrisia. 

Mas, deixemo-nos de frases desfeitas. Perdidos de cabeça, meninos de facto não se coíbem de dar à estampa a sua face fascista no sentido de esclarecer nenhuma dúvida ao trabalho extra do seu chefe, exigindo um acto pidesco de busca ao registo das chamadas telefónicas, fonte que terá vertido mais sete clientes da espinhosa sociedade, esquecendo o parlamentar laranjinha que escrutinar os poderes públicos é um dever jornalístico. Sem dúvida, hoje não me reconheço, mas há dias assim. Um estudo fez esta descoberta - os empresários portugueses, na sua maioria, têm menos formação que os empregados - não é o caso do dito e feito inocente.

Numa altura em que os extremismos encontram o terreno arado por todos os incompetentes e subservientes activistas do desconsolo e da frustração, os novos deuses do entoado mundo novo, escrutinados pelas suas ambições e leiloados pelo preço e pressa de lá chegar, armadilham a língua com promessas vãs e intrujices, erguem-se na bandeira da pátria como toalha à mesa das quinas e do alto dos seus muralhados castelos acenam com o medo e a certeza de continuarmos pobres em número.

Ministrado o mistério, deu passos sem dar cavaco, ambos sérios, nenhum nasceu duas vezes, mas ressuscitaram ambos por vezes e como qualquer durão cortaram na pensão, agora conciliaram-se todos, quer nas mordomias bancárias e outras falências, quer nas parcerias empresariais e outras valências. Esta gente nunca transpirou.

Sei que é uma pessoa importante a quem não se lhe dá importância nenhuma. Está na hora de demonstrar o contrário, de cada um assumir-se sem medo e mostrar ao voto útil a sua inutilidade prática. Ninguém é perfeito, eu sei, mas é urgente interromper a continuada imperfeição das políticas e dos políticos. Para além dos paliativos merecemos outros cuidados.

Júlio Verme

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