Voz da Póvoa
 
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Viagem em Balão à Formiga em Sentido Contrário

Viagem em Balão à Formiga em Sentido Contrário

Opinião | 9 Março 2024

 

A incompetência barafustou comigo pela legalidade de o fazer. Creio que não me fiz entender e serviram de pouco as minhas convicções. O precipício é mais atractivo para quem nos empurra. É como o preservativo, está sempre na moda, quer se use ou não. Os científicos ainda não descobriram a cura para as dores de cotovelo que sentem quando há metafísica bastante em não pensar em nada, pelo menos segundo Alberto Caeiro, amigo inseparável do Banqueiro Anarquista.

Não é uma questão de existencialismo, nem de assegurar no mercado negro o Míssil Portugal 2024, atempadamente e antes de tudo. Em épocas eleitorais, água do cu lavado para falar cedo e declarado, de bate tanto na conjuntura que qualquer candidato calaceiro, lerdo e tosco é um prematuro em terra prometido e no calabouço esperado.

O hospício está a ficar um fragmento da explosão demográfica que o espermatozoide evangeliza em cada espécie de óvulo identitário e reprodutivo. Chega de Rocha, o André Liberal acredita na ressurreição dos Cruzados e acusa a direita de ficar à sua esquerda, mas promete um corte com o futuro para ficarmos orgulhosamente sós, creio que por uso excessivo de pílula. Temos a sorte da justiça quase funcionar, pelo menos os colarinhos brancos já ficam atrás das grades uma semaninha ou duas antes de voltar quase inocentes ao sol de todos nós. O meritíssimo tem esse mérito, de fazer de conta que as contas estão certas. 

O opositor do Czar russo morreu de morte natural, o Ocidente reconhece que naturalmente está morto, mas desconfia de uma interrupção involuntária. Para os políticos só vale tirar olhos, o rei dos cegos tinha um olho. 

Não se preocupe, é para sua defesa, mas tenha cuidado, anda por aí muita bala perdida. Para quando cessar o fogo e o ódio de todas as guerras? Ultrapassagens, travagens, sondagens, alcagoitas, pensos rápidos, aspirinas e miragens, tudo em promoção. Gosto de rimas e dos comedores de comentário, qualquer prato serve, político, económico, caritativo, tudo lhes enche a barriga. Na toca tola da criatura há uma chuva de grelos a invadir os géneros, os gémeos e os números pares. 

No Monteverde o Coelho pressionado pelo caçador Cavaco deu as faces ao Moedas, e em casa ficou o Luís a encomendar os Passos ao Ventura, enquanto o Santos espera por um milagre como se deu ao Costa. Há abjectas criaturas, saídas do ventre da ditadura, a berrar aos ouvidos da ignorância e a prometer burrificar os que ainda pensam. Para não despi orar a coisa, o Cardeal foi à Cerejeira ver se o bolo as tinha no topo. Entre imposturices, impostos, coimas, liga europa, juro que as taxas e chulices, para restruturar as dúvidas há quem se endivide agarrado a âncoras disfuncionais porque não percebe que a urna de voto tem algo de fúnebre.

Mas, segundo as cigarras trogloditas, enquanto houver uma formiga no carreiro em sentido contrário podemos sempre encarar a tromba do elefante no meio da sala. No entanto, tenho sempre algum receio que no aquário gravitem hipopótamos e alguns patos domesticados prontos a aplicar sanções, e sensações selvagens de censuras eruditas, malabaristas e vestidas de preconceitos.

Júlio Verme

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