Voz da Póvoa
 
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Uma Questão de Identidade

Uma Questão de Identidade

Opinião | 11 Outubro 2019

Perdida meia manhã na fila para requisição de renovação de bilhete de identidade, optei por recorrer à localidade mais próxima, A-Ver-o-Mar, não fosse esvair-se a manhã e… a paciência. Pronto atendimento, mas com um senão: renovação na hora, sim, sob condição de manter a fotografia do cartão prestes a caducar. AH isso não!… E ocorreu-me: “E o leitor se acaso se depara, uma vez mais que seja, com esta cara de poucos amigos, nesta conversa de jornal”?! É que houve quem me perguntasse se não havia nela “vestígios de ódio”, ao que anuí que sim, claro. Fui-me desculpando com “o ódio, infelizmente, quando o clima é de horror, é uma forma inteligente de se morrer de amor” (A.G.).Pois!…

Não vou esmiuçar os porquês da repulsa por essa foto agora substituída, mas sempre direi que se reveste de um profundo sentido no que à minha identidade diz respeito. Só por isso a mantive. Foi tirada no desditoso dia em que experimentei as algemas durante uma interminável hora à ordem de dois rapazinhos do campo fardados à GNR. Retaliação pura, aleguei. Aliás, o comandante da esquadra de Viana sentenciou, decorridas as provas de inocência, que me devolvessem de imediato à procedência. E fez o reparo redentor: “Sabe, nesta instituição também cabe muito filho da mãe”. Com tanto me contentei, a cicatriz permaneceu, mas o tempo tudo apaga e…desfigura.

Agora se hoje em dia a “fotogenia” constitui uma mais-valia até para serventia, vou mostrar o meu lado mais favorável (escolha difícil, enfim). Quero lá saber do “muito riso, pouco siso” (até os provérbios são recicláveis). Quanto ao resto, ”Olhe, um sorrisinho, afinal (ainda) é bom viver aqui!

Alcino Santos

 

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