-- Sabes, mãe, os testes do segundo ano são bem mais fáceis que os do primeiro – diz a pequena guria que já tem a mania de miúda crescida.
Prossegue o diálogo sem dar chance à mãe de perguntar o porquê:
-- Agora, quando não sabemos uma questão, podemos pular para a próxima e fazer a que temos dúvidas no fim, se não soubermos podemos perguntar à professora.
-- E perguntaste minha filha?
Pergunta a mãe um tanto indignada com o sistema de ensino.
-- Ah, eu não. Deixei para mais tarde, concentrei-me muito e busquei a resposta na minha mente até que a encontrei.
Disse ela enquanto batia de leve o dedo indicador na têmpora.
A mãe segurou o riso para não constranger a pequena enquanto pensava na sua própria infância, onde não usava de palavras tão caras para expressar os seus sentimentos e ações.
O mundo está a mudar, e a uma velocidade assustadora!
Nossas crianças, atualmente, parecem nascer “prontas”, mini-adultos que já são dotados de vontade própria, que parecem saber a que vieram enquanto nós próprio não sabemos.
Desde a década de 80 ela ouvia falar que as crianças eram o futuro da humanidade, negro futuro o que ela presenciou, onde a sua geração ajudou a praticamente destruir o planeta, plantou ódio, discórdia, miséria, intolerância…
Mas agora via com uma certa esperança um futuro iluminado florescer, onde a prole que criamos apresenta uma essência mais forte, um verdadeiro escudo que a protege dos danos do ambiente exterior, permitindo que personalidades mais doces e empáticas se formem.
Ao ouvir aquele pinguinho de gente expressar-se de maneira tão cara e objetiva, voltou a ter fé em um mundo melhor.
Agora já pode ela crer em um belo futuro, ainda que não esteja aqui para o contemplar!
Maria Beck Pombo