Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – Sotaque bom barbaridade!

Turistando Lendas e Lugares – Sotaque bom barbaridade!

Opinião | 11 Outubro 2022

 

Frequentemente até mesmo ela encontrava alguma piada na sua pronúncia “cantada”.

Fosse onde fosse sempre havia quem reconhecesse, através do seu modo de falar, a pátria donde viera. Gaúcha de nascimento, portuguesa de coração.

Em terras lusitanas encontrou espaço para mostrar a Portugal um Brasil, até pouco tempo atrás, inexplorado pelos turistas estrangeiros, por não possuir as praias quentes e paradisíacas tão distantes do sul do país, muito embora possua toda a beleza do verde da Mata Atlântica a abraçar e abençoar os seus limites.

Por cá plantou a semente da preservação da sua cultura na alma dos filhos, do marido e, porque não dizer, de todo o paisano com o qual convivesse ou que lia suas palavras, semanalmente eternizadas para a posteridade, fosse em papel ou digitalmente.

Aos poucos deu a conhecer o seu berço e o lugar que mantinha as raízes bem presas à sua memória, ainda que estivesse fisicamente apartada por um oceano.

Uma palavra cá, outra acolá, foi plantando despacito o seu linguajar campeiro nesse torrão, onde “barbaridade” está longe de significar “selvageria” e o “pito” se fuma, não se come.

E volta e meia cruzava com algum conterrâneo que sentia a mesma alegria em poder cantar junto a mesma canção, pois a fala é melodia quando ganha espaço fora do corpo, especialmente quando encontra a mesma cadência e harmonia.

Traía conscientemente a norma culta e gritava um “a lá pucha tchê, não se assustemo!” dando as boas vindas ao irmão de querência e se quedava um pouquito mais na conversa que sempre se estendia com prazer.

Quando se vive longe da terra natal o nosso sotaque é um abraço fraternal!

           

Maria Beck Pombo

 

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