O sol morno do outono invade o quarto e abre as janelas para o revoar das esperanças, lembrando que aquele que espera somente alcança quando crê no que almeja e avança.
Enxuga devagar as poças deixadas pela chuva que assolou a terra durante uma madrugada inteira.
Enxuga as lágrimas enquanto faz arder os olhos, pois a luz intensa também cega e nos faz buscar conforto na escuridão.
A relva verdeja e se alimenta das folhas que morrem encerrando um novo ciclo que se repete a cada estação.
A natureza segue o seu caminho ignorando a vontade humana de a conservar ou destruir pois é soberana de si e regida apenas pelo Tempo, que assim como planta as sementes e cuida de fazer amadurecer o fruto, também enterra as flores mortas dando sentido a tudo que acontece entre o céu e a terra, ainda que não consigamos percebê-lo.
Diante de todas essas considerações, ela estende os braços em direção ao infinito e agradece pela Consciência que tem de ser tudo e nada ser, pois essa consciência, que é maldição para tantos, lhe permite desfrutar da magia natural de ser finita e ainda assim eterna, de saber-se parte de algo muito maior que os seus mais megalómanos desejos.
O segredo para aceitar todos os mistérios do mundo é não pensar sobre eles!
Maria Beck Pombo