Bem-vindos a Santa Graça!
Era essa a mensagem que resplandecia sob o sol tímido de uma manhã típica de início de primavera.
Para lá da porteira, um sem fim de campos enchiam os olhos dos paisanos que pouco a pouco chegavam para o encontro de família.
-- Segura a chuva, São Pedro!
Suplicava a prima desgarrada, na ânsia de evitar que alguém desistisse da empreitada de reunir a "Sampaiada" por culpa do mau tempo.
E não é que o santo sempre a atendia? Ainda que ela tenha fugido, desde muito guria, a catequese.
Talvez os santos tenham alguma predileção pelas ovelhas negras…
Sentada sobre um pelego, a porta do galpão, ela contemplava o horizonte carregado para os lados do chovedouro, enquanto sorvia o amargo e rememorava o passado.
Quase não podia crer que todas aquelas pessoas saíram dos mais longínquos rincões com o objectivo de estar com ela por alguns momentos, isso sim era uma graça sem tamanho!
O amor pela família sempre fora herança passada no sangue de geração em geração, juntamente com o jogo de truco, a canastra, a música tradicionalista, o churrasco e canha buena, que mais precisa um gaúcho para ser feliz?
Ela não saberia dizer nesse momento…
Sentia todo o seu Ser imerso em uma atmosfera morna e reconfortante como o ventre de mãe, como se estivesse a ser novamente acolhida pela primeira vez e isso bastava para que se sentisse única e abençoada.
Ter família é sempre bom, quando se herda, escolhe ou acolhe!
Maria Beck Pombo