Estreitamente abraço esse elo inquebrável, resistente à força do tempo, a léguas de distância!
E quando amargo estar tudo acabado, destruído, profundamente amaldiçoado… me vens!
Como em tantos sonhos enterrados pela minha razão em uma cova tão profunda quanto a dor que a tua ausência me trazia… todo o dia…todo o dia…
Pois todo o dia me vinhas e te despedias… sem adeus!
E deixavas-me a sós com a tua sombra.
Eu, a minha sombra… e a tua, e a nossa!
Mas enfim retornaste, como uma brisa morna e tão confortável, tão familiar, tão fraternal e puseste-me de joelhos! A agradecer…
E o som da tua voz me fez esquecer todos esses anos de trevas!
Parecia nunca ter-me separado da tua companhia… da tua alma nunca me separei!
Mesmo quando o peso dela exauria as minhas forças!
Mesmo quando me dilacerava a carne!
A tua alma sempre esteve aqui, perdida estava a minha!
Em caminhos impossíveis de encontrar, nas estradas pelas quais nunca passamos… juntos!
Digas-me agora, criança, que escolhas fizeste?
Conta-me tudo: acertos e erros… e questões anuladas!
Cá estou, no lugar de sempre, perpetuamente preparada para lamber-te as feridas, com o colo sempre em chamas para te receber, mil lágrimas para aplacar a tua sede!
Anda, uma vez mais, reconstruir-te em meu caminho… e destruir o teu!
Achaste tu o curso?
Ou voltaste apenas para atormentar por mais alguns anos meu coração?
Que bateu tanto… tantas vezes por ti!
Que deixou de bater por mim.
Jamais terei forças suficientes para livrar-me das tuas amarras!
Do teu peso… sobre mim!
Pese sobre mim, pese…sem pesar!
Vem! Traz a guitarra, a voz e a minha vida de volta!
Os meus sonhos de volta!
Levaste-os contigo quando partiste de mim.
Devolve-me! Já era hora!
De sentir vida pulsando nesse peito novamente, de me desfazer desse espectro, de me refazer em ti!
Minhas mãos ainda estão aqui, prontas para evitar a tua queda, o meu colo ainda pode -te servir de alento, como ele desejou as tuas lágrimas durante esses intermináveis últimos anos!
Minha alma?
Voltando, está voltando!
Percorrendo apressada os caminhos do meu corpo.
Sim, ela chegará… contigo!
Maria Beck Pombo