Já foi estrela reluzente, guerreira a conduzir o estandarte da liberdade.
Foi livre e libertou.
Foi terra fértil para o semear de sonhos colhidos por outréns, lutou pelos seus com coragem e otimismo.
Nunca se curvara a um “não”. Nunca abdicara de si mesma.
Sempre a vislumbrar um futuro próspero e brilhante. Um futuro…
E a se concentrar fixamente nesse futuro, negligenciou o presente: o campo onde o futuro é semeado.
Em época de colheita finalmente percebeu que quem semeia ventos colhe tempestades.
O desespero toma conta, mas ela não se entrega!
Esbraveja, brada aos céus na tentativa vã de consertar o que não tem conserto.
Os sonhos transformam-se em pesadelos, a casa cai, o mundo à sua volta começa a desabar.
E então, cansada de enfrentar outra e outra tormenta, numa onda de destruição que parece não ter fim, veste o manto da resignação e simplesmente aguarda…
Os dias passarem, a casa ruir, o peso aumentar… sobre a cabeça, sobre os ombros, sobre os joelhos…
Aquela que dantes queria sempre mais tempo, anseia agora pelo fim dele, pelo fim da espera, pela calmaria.
Apaga-se aos poucos e se concentra em apenas respirar, resolver e deixar ir…
Respirar, resolver e deixar ir…
Respirar e deixar ir…
Deixar ir…
Ir… e não voltar!
Mas heis que num sorriso ela encontra a alvorada e pensa:
“São apenas anéis e esses nada valem!”
Então entrega-os, sem lutar.
E adormece em paz!
Maria Beck Pombo