Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – Reencontro

Turistando Lendas e Lugares – Reencontro

Opinião | 19 Maio 2021

Já foi estrela reluzente, guerreira a conduzir o estandarte da liberdade.

Foi livre e libertou.

Foi terra fértil para o semear de sonhos colhidos por outréns, lutou pelos seus com coragem e otimismo.

Nunca se curvara a um “não”. Nunca abdicara de si mesma.

Sempre a vislumbrar um futuro próspero e brilhante. Um futuro…

E a se concentrar fixamente nesse futuro, negligenciou o presente: o campo onde o futuro é semeado.

Em época de colheita finalmente percebeu que quem semeia ventos colhe tempestades.

O desespero toma conta, mas ela não se entrega!

Esbraveja, brada aos céus na tentativa vã de consertar o que não tem conserto.

Os sonhos transformam-se em pesadelos, a casa cai, o mundo à sua volta começa a desabar.

E então, cansada de enfrentar outra e outra tormenta, numa onda de destruição que parece não ter fim, veste o manto da resignação e simplesmente aguarda…

Os dias passarem, a casa ruir, o peso aumentar… sobre a cabeça, sobre os ombros, sobre os joelhos…

Aquela que dantes queria sempre mais tempo, anseia agora pelo fim dele, pelo fim da espera, pela calmaria.

Apaga-se aos poucos e se concentra em apenas respirar, resolver e deixar ir…
Respirar, resolver e deixar ir…

Respirar e deixar ir…

Deixar ir…

Ir… e não voltar!

Mas heis que num sorriso ela encontra a alvorada e pensa:

“São apenas anéis e esses nada valem!”

Então entrega-os, sem lutar.

E adormece em paz!


Maria Beck Pombo

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