Enquanto arrumava o quarto da guria, fitava, distraidamente, os peluches amontoados em cima do roupeiro…
Contemplava um a um, tentando lembrar de como e quando chegaram até às suas vidas, pois todos os objetos têm uma história, e isso já estamos fartos de saber.
Reparou num grande hipopótamo que se sobressaia não só pelo tamanho, mas também pelo tutu cor-de-rosa que trazia amarrado à cintura, e sorriu.
Esse tinha atravessado o atlântico nos braços da filha quando ainda era pequenina e batizado por ela de Popota.
Lembrou-se de contemplar a guria abraçada à boneca que, na altura, tinha quase o tamanho dela!
Outros peluches cruzaram com a Popota para as bandas de cá:
Ovelhinhas, unicórnio, coelhinhos, bonecas de pano… e todos eles traziam a energia de amor das pessoas que os ofereceram.
Alguns lembravam Lisboa, quando Ela caminhava de Madredeus até o Lidl de Xabregas para requisitar os bonecos de uma coleção qualquer, que vinham em formatos de frutas e vegetais.
Era uma festa toda a vez que chegava a casa com mais um personagem para a filha.
O primeiro polvo que ela costurou saltou-lhe à vista: fê-lo por ocasião de um dia das crianças da creche da miúda e foi quem abriu as portas para o despertar das suas habilidades artísticas.
Esses e tantos outros peluches traziam tantas doces memórias que a levaram por um passeio ao passado, repletos de alegria, enquanto alguns traziam consigo uma alfinetada no peito por lembrar que o passado não volta.
Por essas e outras ela aprendeu a dar a César o que é de César, e ao Tempo o que é do Tempo!
Maria Beck Pombo