Atentamente ela observava a miúda a adentrar pelos portões da escola sem se virar para um último aceno.
Essa fora a forma que encontrara de punir a mãe pelo longo sermão levado, logo cedo da manhã, sobre a importância da responsabilidade.
Nenhum beijinho de despedida, nenhum abracinho terno e nenhuma frase que dissesse: “sabias que és a melhor mãe do mundo?!”
Não, a sua resposta foi o silêncio, mas a mãe não se importou pois sabia que com essa filha o ditado “quem cala consente “ servia como uma luva.
A miúda sempre tinha argumentos mais que convincentes para usar quando estava certa de que podia vencer uma discussão, mas quando se calava…
Bem sabia a mãe que, indubitavelmente, a guria passaria o dia todo a engendrar alguma forma de dar a volta por cima, mas também sabia que tinha posto no mundo filhos justos como ninguém e, por assim ser, ainda esperava um pedido de desculpas como prenda adiantada de Dia das Mães.
Pensou nos filhos, na diferença de personalidade que eles carregam, pensou no respeito que ela tem por todas essas diferenças e em como fará para ajudá-los nos seus processos de aprendizagem e evolução, sem lhes tolher o livre arbítrio, sem lhes invadir a intimidade, sem se sentir responsável pelos erros deles, sem sentir que não fez o suficiente, sem tentar evitar as quedas, os arranhões, os abandonos, os desamores, os desacatos, os desatinos ou as más companhias, sem lhes apontar o caminho que lhe parece correto ignorando se é aquele o caminho que fará deles mais felizes.
Não mais ricos, ou mais famosos, ou mais laureados, ou mais cultos, ou um sem fim de qualidades que as pessoas dão para classificar aqueles que um conjunto de pessoas considera felizes por ter alcançado!
Ela quer ensinar aos seus bens mais preciosos que a felicidade não se alcança! Não é um objetivo a ser perseguido, não é um tesouro escondido ou um troféu. Coisa nenhuma tem em si estampado o selo da felicidade.
Quer ensinar que a felicidade se conquista todos os dias, desde que demos às coisas valor e não preço: o valor de estar vivo, o valor de ter relações saudáveis, de termos saúde, de termos, sim, objetivos de vida que nos moverão em busca de algo mas se esse algo não se concretizar fomos felizes durante o percorrer da estrada…
A Felicidade é o Caminho, não o final!
Se todos nós ensinarmos isso aos nossos filhos, vamos plantar um lugar muito mais próspero, harmonioso, saudável e feliz!
O mundo não precisa de mais rótulos!
Maria Beck Pombo
