Sentada sobre a areia ela assistia o cavalgar das ondas a embater nas pedras sob o sol morno e claro daquela manhã de inverno.
Rogava em silêncio a Iemanjá que levasse com ela os desassossegos do bem amado, que trazia no peito uma ansiedade tão vasta quanto o próprio mar.
Registava a imagem do homem parado ao longe, imerso em si mesmo a contemplar a imensidão verde-azulada, num quadro onde apenas ele era o protagonista e ela a expectadora do revelar das decisões que adviriam das suas divagações.
Observou atentamente as pessoas ao redor e percebeu que todos fazemos parte de um enredo, nalgumas vezes somos os protagonistas, noutras antagonistas, ora coadjuvantes, ora figurantes, mas todos temos papéis a desempenhar no grande palco do mundo, que jamais findará, ainda que saiamos de cena.
A vida pode ser um livro, um filme, uma novela, uma peça de teatro…
Podemos escolher decorar o texto, vestir um personagem ou improvisar.
Cabe apenas a nós decidir se será drama ou comédia, romance ou suspense, ou quem sabe todos esses.
Mas uma coisa é certa: o final todos conhecemos e quando o livro se fechar, quando o ecrã mostrar os créditos, quando a cortina descer, o que realmente importa é que tenha sido uma boa história a ser contada!
Maria Beck Pombo