E para iniciar o assunto vou-me fazer valer da primeira definição descrita para a palavra, no Dicionário Priberam de Língua Portuguesa:
1.Sentimento que nos impede de fazer ou dizer coisas desagradáveis a alguém.
Com o passar do tempo percebi que as pessoas dão um significado muito diferente a essa palavra tão importante e o justificam com a expressão “por amor”.
Por amor negamos o direito aos outros de honrarem a essência que trazem na alma.
Por amor julgamos, usando como base as nossas próprias convicções, e somos incapazes de simplesmente ouvir o outro e tentar perceber a sua forma de pensar, de sentir e de viver.
Empurramos goela abaixo o que é certo, errado, válido ou não. Ditamos as nossas regras absolutas para o encontro da felicidade, ainda que não sejamos plenamente felizes.
Por amor magoamos.
Fazemos o outro sentir-se pequeno, insano, preguiçoso…
Empurramos para longe aqueles que queremos perto por não conseguir vê-los de facto.
Sofremos de uma cegueira quase hereditária, que assola sociedades tornando pessoas saudáveis, doentes.
Por amor não conseguimos reconhecer a riqueza das coisas simples, que a vida deveria ser vivida todos os dias e não apenas nos fins-de-semana e nas férias.
E ao dizer isso não quero dar a impressão de que devíamos “não fazer nada da vida” pois o ócio, bem sabemos, é a oficina do Diabo.
Mas há quem prefira fazer da sua essência, do seu propósito maior o seu modo de vida e ele geralmente não cabe no modelo de sociedade actual.
Então o meu apelo às pessoas do mundo é:
Por amor, abram os olhos e vejam!
Acolham as diferenças e escutem quem grita pois já perdeu a paciência de explicar amiúde que é feliz como é, apesar dos tropeços e das más fases, pois isso se dá na vida de todos, o que muda é a maneira de encararmos os desafios da vida.
Tiremos as vendas e abracemos novas perspectivas pois assim se evolui de corpo e espírito.
Um mundo melhor é feito de pessoas felizes, completas, seguras de si mesmas.
Não é preciso concordar, apenas respeitar, aceitar, pois se engana aquele que pensa que quem pensa diferente concorda com o estilo de vida corrente.
Com esse estilo de vida que mata o essencial em troca do consumo desenfreado de bens que não levaremos para a cova.
Mas ainda que eles não concordem, respeitam. Pois o respeito aos outros foi conquistado desde tenra idade através da dor e do sofrimento de lhes dedicarem o oposto durante anos a fio.
Três são as peneiras pelas quais devem passar as nossas palavras, já dizia Sócrates antes mesmo do Jesus Cristo ensinar-nos a dar a outra face.
Por amor, não deixem de passar por elas a vossa opinião.