Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares - Nada se perde, tudo se transforma!

Turistando Lendas e Lugares - Nada se perde, tudo se transforma!

Opinião | 25 Janeiro 2022

Desde sempre fora envolvida com toda e qualquer atividade que pudesse promover a Escola em que estudava.

Tinha tanto orgulho em vestir aquela farda, azul-marinho e branca, que nem sabia expressar exatamente o porquê.

Sabia era que mal saía um concerto, um desfile, uma gincana onde a Escola Estadual Margarida Pardelhas pudesse se inserir, lá estava ela com uma equipa formada para ingressar, e, melhor, ganhar!

Naquele verão de 1993 não poderia ocorrer de diferente forma quando anunciada uma gigante gincana, que envolveria o Rio Grande de norte a sul, a fim de arrecadar provisões para o inverno, a serem doadas no final da campanha aos menos favorecidos.

Ao ficar a saber da empreitada, foi logo à direção da escola e pediu para anunciar que estava a selecionar uma equipa em que alunos de todos os anos estavam mais que convidados a se unir pelo bem do próximo e pela preservação do bom nome da instituição! E assim foi, do quinto ao décimo segundo ano, não faltaram alunos prontos para dar seu contributo para o mundo.

Alguns alunos, mais velhos que ela, se apressaram logo a encontrar o quartel-general perfeito para aquele exército de bem-feitores e marcaram o primeiro encontro da equipa.

Enquanto se dirigia para o local, já a sentir o sabor da vitória nos lábios, mal poderia imaginar que o amor tomaria de assalto seu coração e que nem o mais brilhante troféu poderia aquecer mais o seu espírito do que pegar na mão do bem-amado.

Sentado sobre uma mesa, entre alguns amigos ele estava.

Cabelo loiro como o trigo, olhos castanhos como avelãs, e um rosto que, de tão delicado, fazia inveja aos anjos.

Bloqueou!

Ela, que nunca tivera papas na língua, ficara totalmente muda diante daquele moço, que lhe falava gentilmente, a lhe tratar de forma quase paternal, o que, verdade seja dita: deixara-lhe muito aborrecida.

Não entendia porque uma diferença cronológica de dois anos poderia interessar mais, quando espiritualmente já se estava no mesmo grau de evolução!

Sim, porque, no florir das suas doze primaveras, ela já tinha plena noção das coisas do espírito!

O certo é que os dias foram passando e, prova após prova, eles se aproximavam da vitória, e também um do outro.

Passavam tardes inteiras abraçados à porta de casa a contemplar o céu e o ar gelado do inverno a lhes bater na face e bagunçar os cabelos, e nunca faltava assunto, qualquer palavra era motivo para “cinco minutos mais”.

A gincana chegou ao fim, ganharam o terceiro lugar dentre equipas do estado inteiro, o que não foi de todo mau, e a quantidade de pessoas que eles conseguiram ajudar foi tamanha aqueceram seus corações pela vida toda.

Mas o maior prêmio que ela ganhou, quando entrou naquela ciranda mais que disposta a cirandar, foi um amor para toda a vida.

Pois o amor, quando é verdadeiro é assim: não morre, se transforma e permanece em nossas vidas sempre a apoiar-nos na nossa evolução, nem que seja num cantinho da memória.

 Maria Beck Pombo

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