Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – Mesquinho pedestal

Turistando Lendas e Lugares – Mesquinho pedestal

Opinião | 17 Junho 2021

 

“Sem querer criticar, mas penso que por trás de toda a escrita há a vaidade e o ego. Eu perdi a necessidade de aprovação ou que me admirem…”

Disse-lhe o desconhecido, possuidor de uma voz de certo modo agradável, não fosse o manotaço encerrado em suas palavras.

Ela nunca pôde entender a necessidade de algumas pessoas em condenar a natureza humana e rejeitar que somos imperfeitos, incompletos e com forte tendência à corrupção.

Nunca pôde compreender em que momentos decidem deixar de se aperfeiçoar através das experiências do mundo terreno (que é o único do qual temos certeza da existência), em prol de viverem as experiências de outros, encerrados entre as páginas dos livros.

Qual a maldade da vaidade quando auxilia na satisfação do nosso eu? Quando nos impele a buscar o autoconhecimento, quando nos arremessa em direção à felicidade e, principalmente, quando faz tudo isso sem prejudicar o próximo de maneira alguma?

Antes pelo contrário, escrever é criar laços, pontes, conexões. É, muitas vezes, um elixir para aqueles que sentem o mesmo e não conseguem traduzir em palavras, é auxílio e abrigo aos que necessitam das nossas mensagens, seja num momento de júbilo ou de dor.

Escrever é reivindicar a atenção para causas comuns, é a bandeira que reúne multidões, é a espada que conquista vitórias e alivia derrotas.

Como poderia ela perceber essa necessidade de alguns em cobrir-se de luto e rejeitar a vida como ela é, a abdicar a vivência e crer, realmente, que podem aprender algo ao se retirarem do mundo à espera de outro plano, que julgam ser mais digno de sua presença?

Isso sim é ter um ego do tamanho do Universo!

Esses pobres seres humanos travestem de superioridade a sua enorme covardia por receio de não serem suficientes, renegando a sua própria natureza. E vomitam fel sobre quem completa a si pelo que os outros oferecem e aos outros pelo que oferece a eles. Fechando o círculo da aceitação, do respeito mútuo entre diversas esferas particulares.

Fecham-se em si mesmos, definham e amargam a recolher as pétalas e a aguçar os espinhos. Empalidecem e enterram-se vivos no descontentamento e no vazio, a espera do desconhecido.

Nem sempre a vaidade é sinónimo de presunção, ou alimentar o ego é sinónimo de egocentrismo, porém, julgar que o plano em que vivemos não é digno da sua “real” e iluminada presença é, no mínimo, ser presunçoso e egocêntrico!

Estamos todos no lugar a que pertencemos, sem nenhuma exceção!

 

Maria Beck Pombo

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