Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – Maria Lisboa

Turistando Lendas e Lugares – Maria Lisboa

Opinião | 21 Novembro 2024

 

O olhar da guria reluziu como o sol que desponta no horizonte e colore o mundo!
A visão da Quinta da Regaleira mais parecia uma miragem que ela não se furtou de garantir que era real, desatando a correr pelo grande jardim e subindo cada escada que podia, para contemplar a paisagem do alto de cada torre.

A mãe, ansiosa por lhe dar mais uma bela lição de vida, agarrava-a pela mão enquanto procurava nos mapas espalhados pela quinta, a entrada para o Poço Iniciático, através dos caminhos subterrâneos que se estendem por todo o terreno.

Sentiu um quê de frustração quando percebeu que não poderia mostrar na prática para a miúda que existe sempre “uma luz no fim do túnel” pois as obras de conservação do espaço tornaram impossível a tarefa, lembrando que o caminho inverso, às vezes, também se faz necessário.

Afinal, o que seria da luz sem a sombra?

Fora uma semana encantada a que passaram em Lisboa, a revisitar cada canto da cidade natal da filha, para imprimir na memória o que já está gravado n’alma.

Passearam pelo Bairro Alto, Rossio, Chiado… onde um Fernando Pessoa, eternizado em bronze, cedeu o seu colo à menina para uma fotografia.

Contemplaram o Castelo de São Jorge a partir do miradouro do Jardim São Pedro de Alcântara, perderam-se entre as árvores do Jardim Botânico, no Príncipe Real e visitaram o Oceanário no Parque das Nações, momento que causou o êxtase da filha ao “reencontrar” o curioso peixe-lua e o “monstrubarão”, há tanto tempo perdidos nos recantos do seu subconsciente.

O gigante lince ibérico do artista Bordalo II testemunhava do alto a alegria da cria ao contemplar o Tejo, ora com os olhos postos em água, a caçar os peixes submersos, ora com os olhos postos no céu, a fitar o teleférico que cruzava o espaço entre a Torre Vasco da Gama e o Oceanário, causando o misto de ansiedade e interesse que somente sentem aqueles que têm medo das alturas.

No final da aventura embarcaram no autocarro para retornar ao norte, que também pedia uma expedição à altura, a dar-se em outro momento.

Voltou para casa, a alfacinha tão ternamente acolhida dentre os poveiros, com a certeza de que todas as terras do mundo podem ser o seu lugar.

Cabresto algum é capaz de segurar potro xucro!

Maria Beck Pombo

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