— Amor, como se faz leite-creme?
Leite-creme, a mistura perfeita entre leite, ovos, “maisena” e açúcar. Sobremesa “dispendiosa” para tempos de guerra...
— Leva muitos ovos... faz-se outra coisa.
Arroz doce, aletria... sempre o inconveniente dos ovos a mais.
Pensei: o que faria eu quando era guria e queria algo doce para comer?
Mingau! Sim, mingau de chocolate! Ensinei meu homem a fazer enquanto eu preparava o restante do jantar.
Cozinhar é recuar no tempo...
Peguei-me de volta ao pago natal a cozinhar para meus pais e irmãs.
Sentia-me uma velha e sábia bruxa em torno do meu caldeirão a cozinhar lentamente poções capazes de aplacar a fome e aquecer o coração. Quiçá até encher de esperança a alma dos mais aflitos.
A cozinha era meu templo! Lugar onde eu combinava cuidadosamente a comida com todo o amor e boas energias existentes no meu ser. Lugar de onde saíam meus mais doces encantamentos com o propósito de inundar o mundo em bem-estar e felicidade.
O cheiro do mingau já pronto despertou-me do sonho/memória. Vi-me na minha querência a passar adiante meus segredos de como unir corações através dos sabores. Mas muito mais que isso: a ensinar que bem alimentados, corpo e alma, podem alcançar o divino!
As nuvens também são de açúcar!