“Feliz, feliz Ano Novo
Ano velho que já acabou
Feliz, feliz Ano Novo
Ano velho que já acabou
E pedimos saúde, dinheiro e amor
Para o ano que chegou” …
A correria no rancho é grande quando se aproxima o 31 de dezembro.
— Salpicão de frango ou lombo suíno?
— Traz o lombo pois o frango cisca para trás! Vai que a vida acompanha…
O porco fuça para frente, melhor garantir.
— Não esqueçamos da lentilha, reserva sete grãos por pessoa para pôr nas carteiras, abundância durante todo o ano não faltará, de certeza!
E por aí segue a conversa e a agitação.
Orações, mandingas, feitiços, rituais, tudo para certificar que o ano vindouro será cheio de prosperidade.
Roupa interior nova e azul para trazer boa sorte e se comer 12 uvas às 12 badaladas a sorte é a dobrar!
Garantem os mais antigos.
Fogos de artifício para espantar os maus espíritos, flores ao mar para Yemanjá e de pular sete ondas não podemos esquecer, seja num hemisfério ou noutro!
Agradecemos o que de bom tivemos, pedimos paciência e força para enfrentar o que de ruim colhemos e, principalmente, rogamos aprender as lições que a vida nos dá, para jamais ter de pagar o preço de ter cometido os mesmos erros.
De lápis e papel em punho escrevemos nossas resoluções para o ano que se segue e esquecemos que os anos não chegam antes dos dias.
“— Vou deixar dos vícios, devolver o vestido que a Lurdes me emprestou no Reveillon passado, vou perdoar o colega que me roubou a promoção, vou começar uma dieta.
— Prometo dar mais atenção à minha mulher e menos ao ginásio, ter mais paciência com as crianças, passar mais tempo com minha avó.
— Eu vou pedir desculpas ao António, estudar mais, brigar menos, crescer…”
Milhares de promessas feitas com um único propósito: convencer o ano que chega a nos dar o que queremos, como se de um deus se tratasse.
Como quem convence o Pai Natal a nos recompensar com uma prenda se formos bons meninos.
Nossas listas e listas de decisões acerca de tudo o que procrastinamos até então acabam perdidas entre os confetes e as serpentinas que lançamos ao ar no momento da virada, enquanto entramos com o pé direito no Ano Novo, que deixa de ser novo passados alguns segundos.
Eu desafio-vos a fazer uma lista com uma única promessa: Lembrar!
Lembrar de crescer, de perdoar, de pedir perdão. Lembrar dos amigos, da família, de todos aqueles que amamos e que o amor precisa ser regado como uma planta, regularmente, e não uma vez por ano, quando lembramos de mandar uma mensagem genérica, um sinal de fumaça.
Desafio-vos a lembrar que a vida deve ser vivida a cada segundo pois não sabemos quando ela há de se extinguir, que o dinheiro só vale se puder ser transformado em alegrias, conforto, caridade.
Lembrai-vos que a saúde do corpo é tão preciosa quanto a do espírito, que nunca é tarde para realizar um sonho, que o destino sois vós que construís.
Na maior parte das vezes a atitude vale mais que a intenção!
Feliz Novo Dia!
Maria Beck Pombo