Na sala ricamente decorada ela escutava a poesia de valor inestimável de Eugénio de Andrade pela voz do eloquente poeta Aurelino Costa.
Mirava com orgulho a cria sentada ao seu lado, uma rosa selvagem a florescer regada pelas palavras, embevecida pela voz do poeta.
Cada vocábulo pronunciado atingia em cheio o seu coração e a fazia recordar do seu sonho primordial: domar frases para entregá-las à humanidade como mezinhas para curar as dores da alma.
Era essa a sua missão: viver, aprender e instigar o ser humano a fazer o mesmo, pois o mundo seria perfeito se o bicho homem decidisse despir a fantasia da personalidade que lhe cobre as vergonhas e encontrar a sua criança interior, acolher a pureza e a curiosidade inocente que ela guarda escondida em seu subconsciente.
Dessa forma todos enxergariam o universo exatamente como ele é: um conjunto de ciclos perfeitos onde a natureza reina absoluta, onde tudo é abundância, onde nada falta.
Tudo o que nos falta vem do homem! Das suas invenções disparatadas, da ganância, da prepotência, da insatisfação perene que tem por não conseguir entender que o que busca está dentro de si mesmo.
Ela abraçou o seu destino e passará a acordar a divindade que existe em cada pessoa que cruzar o seu caminho, a pé ou a galope!
Cada pessoa no mundo carrega um deus dentro de si!
Maria Beck Pombo