Um cinzento véu paira sobre os nossos dias, ocultando as respostas, preenchendo as almas de incertezas.
Estranhos tempos em que vivemos, onde perde o justo e ganha o pecador…
E a pergunta que não quer calar é: porquê?
Porque acolhemos em nosso seio a vil serpente? Porque abraçamos o traidor?
Tenho pensado muito acerca dessa questão, da necessidade que temos de aprender pela dor, pela perda, e consigo, agora, levantar o véu e olhar com olhos de ver: temos de viver a vida com paixão e ter compaixão pelos que não a vivem.
Temos de perceber que nem todos nasceram para aprender, que alguns vieram para buscar, incessantemente, o que não têm, sem chegar nunca a conquistar por buscarem fora e não dentro de si mesmos.
Existem pessoas que não conseguem enxergar o mundo ao seu redor, não porque não têm olhos, e sim porque estão doentes. Têm um desvio de consciência patológico e são dignas da nossa complacência, pois por muito que deixem em seu caminho um rasto de destruição, que envenenem fontes, pervertam inocentes, corrompam mentes, deturpem verdades e intoxiquem corações, creiam-me: eles não têm culpa! E, como diria um Cristo crucificado pelos seus: Perdoem-nos pois eles não sabem o que fazem!
Esses seres, tão pequenos, que povoam a terra parasitando a vontade dos fortes de espírito, daqueles que acendem a lamparina do amor em seu interior e se propõe a iluminar a estrada para os demais, não conseguem ver-se de facto ao espelho.
A imagem que lhes aparece é lapidada, sofrem de uma espécie de anorexia às avessas, em que se contemplam muito melhores do que aquilo que realmente são.
A diferença é que a anorexia, por muito complicada que seja, tem cura...
Portanto eu vos rogo, meus queridos leitores, que colhamos da dor a inspiração e da inspiração a esperança.
E, com esse conjunto, edifiquemos a consciência do nosso papel, enquanto seres que creem que a luz vem de dentro, de que é nossa responsabilidade iluminar a passagem dos pobres de espírito, e de com eles aprender a superar as adversidades e amar incondicionalmente.
Cultivar a mágoa faz do magoado tão miserável quanto aquele que magoa!
Maria Beck Pombo