Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – Brinde

Turistando Lendas e Lugares – Brinde

Opinião | 30 Dezembro 2020

Nas noites em que a lua faz-se cheia e as lembranças perfuram como adagas, eu exorcizo os meus fantasmas com pena e papel.

Enquanto as lágrimas congelam meu rosto eu grito alto a todos os santos e algo mágico acontece: nada pode fazer-me chorar mais.

Sou guiada pelo meu coração e, muitas vezes traída pela intuição, mas sei que a culpa não é dela.

Culpada é a crença cega que deposito na humanidade, constantemente a buscar o melhor dentre o pior. Algumas vezes o melhor não existe ou simplesmente não pode ser dedicado a mim.

O espelho mostra-me as rugas que colecionei durante todos esses anos, mas continuo a sentir-me uma guria.

Eu cresci, mas não envelheci!

Aprendi com meus erros, lapidei defeitos, amadureci qualidades e rejuvenesci a cada passo dado em direção a realização dos meus sonhos.

E nem mesmo Boitatá, quando assomou-se em minha frente, ousou consumir meu olhar.

Apontou antes sua luz fria e iluminou-me o caminho de volta, pois em alguns momentos é preciso regressar para poder seguir adiante.

Tantos desertos atravessei, por tantas vezes eu morri, e atalhei a vida mais do que era necessário.

Tantos incêndios comecei, tantas batalhas eu travei, por tantas vezes perdi e venci sozinha.

Tantas canções eu aprendi, tantos relatos escrevi, tantos amigos eu perdi, tantos domingos longe da família.

De tantas peleias esquivei-me e outras tantas empecei, tantas traições comprei por esmeraldas.

Mas meu peito não secou e cada ferida que sangrou marcou o início de um novo crescimento

Eu orei a todos os deuses, iluminei todos os santos e trouxe oferendas a todos os orixás.

E na certeza de ser digna de tamanha proteção eu bendigo todos os dias que virão.

Ao tempo que se despede dia-a-dia eu agradeço cada momento.

E a cada pealo eu agradeço a lição.

Por isso hoje quero brindar a todas as conquistas e derrotas que ensinaram-me a conquistar.

Quero brindar o tempo e por ainda haver tempo para os recomeços.

Quero brindar as forças poderosas que acompanham-me e protegem-me do inimigo, mesmo quando o inimigo sou eu. Quero agradecer também àquelas que ensinaram-me a lutar.

Quero brindar a vida que se manifesta a cada segundo e lembrar ao mundo que não existe data no calendário dos homens que impeça ou permita mudar de destino, escolher ser melhor ou valorizar o que se tem.

Muitas vezes é preciso crer para ver!

 

Feliz Ano Novo

Maria Beck Pombo

 

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