“Coisa esquisita a gadaria toda
Penando a dor do mango com o focinho n’água
O campo alagado nos obriga à reza
No ofício de quem leva pra enlutar as mágoas
O olhar triste do gado atravessando o rio
A baba dos cansados afogando a volta
A manha de quem berra num capão de mato
E o brado de quem cerca repontando a tropa
Agarre amigo o laço, enquanto o boi tá vivo
A enchente anda danada, molestando o pasto
Ao passo que descampa a pampa dos mil réis
E a bóia que se come, retrucando o tempo
Aparta no rodeio a solidão local
Pealando mal e mal o que a razão quiser…”
(Milonga abaixo de mau tempo)
Desde tempos imemoriais o povo cuida de si e sustenta uma mão cheia de sanguessugas à custa de muito sacrifício.
Enquanto o gaúcho se afoga, os governantes atolam o pé na merda e parecem viver em um mundo paralelo, onde ainda terão na guaiaca os cobres furtados da população.
Parabéns aos vereadores santamarienses por tentar aproveitar a situação de calamidade para aumentar os seus módicos salários. Todos sabemos que é impossível sobreviver com DEZ salários mínimos mais regalias, enquanto o povo faz milagres para sustentar a vossa corja com apenas UM!
Às vezes dói tanto estar do lado de cá, pois a revolta em ver o sofrimento da gauchada e não só, do povo brasileiro que não acorda, quer gritar pelas ruas que temos força para derrubar um sistema que só oprime e rouba a paz e a plata!
Não há esperança de curar a corrupção que se alastra por esse gigante país que se divide em partes pelas pontes arrastadas pela enchente.
Erguei a bandeira, paisanos, e mostrai às cúpulas que vos açoitam as costas a quem pertence esse país!
Maria Beck Pombo