“Salve, lindo pendão da esperança!
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz...”
Eu, eternamente amante de tantas pátrias, triste vejo descolorir as matas e o ouro da minha amada bandeira.
Nossas matas já foram mais verdes e nosso povo mais livre, esse que hoje espelha nas faces o avesso da tua grandeza.
Essa ilustre bandeira para a qual eu rendia louvores no páteo da Escola Margarida Pardelhas, nos meus tempos de guria. Que envolvia Ayrton Senna a cada sublime vitória e fazia transbordar de orgulho o peito dos filhos da pátria.
Pobre pendão diminuído, maltratado, desonrado ao servir de roupagem para sórdidos e perniciosos ideais. Cada vez mais afastado dos princípios democráticos e heróicos de Bilac.
Estandarte que fora, num glorioso passado, insígnia de ordem e progresso, hoje tremula entre imundas mãos que progressivamente disseminam o ódio e a revolta.
Bandeira que carrega em seu seio a alma violada de tantos brasileiros, que jaz vilipendiada entre pernas abertas e punhos cerrados num país onde a esquerda e a direita recusam-se a completar-se, a fazer-se povo.
És tu, há quase duas décadas, conspurcada, desrespeitada e ainda mais profundamente agora!
Mas doravante, senhora, prometo-te amar ainda mais que outrora se com teu perdão brindar meu coração infiel, mas que carrega o papel de recordar tua glória a um povo sem memória que caminha hoje errante, serei de agora em diante porta-estandarte da nação verde e amarela.
Bandeira, minha bandeira, dentre todas és a mais bela!
Maria Beck Pombo