Voz da Póvoa
 
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Turistando Lendas e Lugares – Axé!

Turistando Lendas e Lugares – Axé!

Opinião | 26 Dezembro 2024

 

A luz do sol rompeu a barra do dia e inundou o espaço sobre a Póvoa de Varzim.
Aquele era um inverno diferente de todos os outros, apesar do clima ser exatamente o mesmo.

Ela é que já não era.

A sua Experiência em Portugal já se fizera uma jovem adulta e agora abria as asas para um retorno às raízes, levando consigo toda a bagagem de conhecimento que adquirira em terras lusitanas.

Levantou-se da cama, vestiu um agasalho e saiu para caminhar pela cidade que foi palco das realizações dos seus sonhos mais íntimos.

Andou pelas ruas da Póvoa, passando em frente ao Mercado Municipal e rumando para a Rua da Junqueira, admirando a Praça do Almada enfeitada para o Natal e a arquitetura portuguesa das casas revestidas por azulejos multicoloridos que convidavam a um examinar mais próximo.

Sentindo o apelo de Iemanjá, retornou em direção ao mar, através da Avenida Mouzinho de Albuquerque, passeando calmamente pela orla marítima, fitando as águas calmas, que mais pareciam uma piscina, e o céu límpido acima dela, que constituíam a prova cabal de que a vida pode nos sorrir independentemente das intempéries que se abatam sobre nós.

Sentou-se por um momento à beira-mar e voltou o olhar para a Avenida dos Pescadores, onde um par de caminhantes, apesar do frio intenso, aventurava-se com as suas pesadas mochilas a manter os pés no Caminho, o mesmo que ela trilhou e que mudou, por completo, o rumo da sua existência.

Na verdade, e disso não havia dúvidas, fora esse Caminho que a devolveu à sua própria essência, que pôs na sua vida o Elemento que a impeliria nessa busca pelo autoconhecimento, por si mesma, pelo que ela tinha de mais puro e precioso, que a ensinou que a perfeição vem com o exercício e que o amor exige paciência.

Naquela manhã não pediu nada à Mãe, apenas elevou os seus pensamentos numa energia de profunda gratidão por tudo o que vivera nos pagos de cá e voltou para aquela que ainda era a sua casa, em paz, ciente de que a manifestação da verdadeira felicidade se dá quando não temos mais nada a pedir!

Maria Beck Pombo, escritora 

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